Os queijos brasileiros artesanais vêm recebendo destaque no mundo todo por sua diversidade de métodos de produção, características e sabores. Inclusive vêm conquistando prêmios em concursos internacionais. E uma das maneiras de certificar a qualidade e agregar valor aos produtores é o registro de Indicação Geográfica (IG) Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A IG é uma prática comum a muitos produtos internacionais: somente os espumantes de certa região francesa podem ser chamados de Champange, por exemplo. Ou destilados de agave produzidos no México podem ser batizados de tequila.
No Brasil, o INPI divide os certificados de IG em duas categorias: indicação de procedência e a denominação de origem. Ambas regulam regras de fabricação de um determinado tipo produto dentro de uma área geográfica demarcada – uma comunidade, um município ou até uma região inteira. Mas a primeira modalidade atesta que a fabricação do produto decorre de um longo histórico e notoriedade. Já a segunda delimita que as características do produto decorrem das particularidades do território.
Ao todo, o Brasil tem cinco queijos artesanais com o selo de Indicação Geográfica do INPI. Desses, quatro são de indicação de procedência e um de denominação de origem. Conheça os produtos:
Colônia Witmarsum (PR)
Produto com indicação de procedência registrada desde 2018. A Colônia Witmarsum é uma comunidade rural de colonização alemã localizada no município de Palmeira, no interior do Paraná. Ao todo, a cooperativa produz 11 tipos de queijo, mas somente o colonial e o colonial com pimenta verde receberam o selo de Indicação Geográfica. Ambos têm um período de maturação de 25 dias e apresentam sabor suave e textura macia e massa envolta em casca.
Queijo colonial com pimenta verde é um dos carros-chefe da Cooperativa Witmarsum (Foto: Reprodução/Facebook)
Queijo Minas do Serro (MG)
A Associação dos Produtores Artesanais do Queijo Serro conseguiu registrar a indicação de procedência em 2011. O produto é elaborado na cidade de Serro, em Minas Gerais, e desde 2008 é reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM) como patrimônio cultural do Brasil.
Queijo do Serro é considerado patrimônio histórico (Foto: Juliana Carneiro)
O queijo minas do Serro tem como características uma cor branca amarelada, textura compacta, consistência semidura sabor brando e ligeiramente ácido e crosta fina. Os atributos do produto já foram, inclusive, tema de estudo da Embrapa, que evidenciou as características que fazem esse queijo ter uma origem e um modo de produção característicos da região.
Queijo Canastra (MG)
O queijo canastra, que vem recebendo destaque em rankings internacionais, teve seu registro de indicação de procedência feito em 2012 pela Associação dos Produtores do Queijo Canastra. Também é um produto tombado como patrimônio imaterial do país, com sua produção sendo considerada uma atividade tradicional. Feito a partir de leite cru, o queijo amadurece durante o período de 21 a 40 dias e pode ser vendido semiduro ou mais macio. Tem sabor levemente ácido e picante, de fácil paladar.
Quejos da região da Serra da Canastra vêm recebendo prêmios internacionais (Foto: Lalo de Almeida/Ed. Globo)
Queijo Serrano (SC e RS)
O queijo serrano, produzido em Campos de Cima da Serra, nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, é o único da lista a ter recebido certificação de denominação de origem. O registro foi feito em 2020. É um dos principais produtos da agricultura familiar das regiões, em cidades como São José dos Ausentes (RS) e Lages (SC). É feito com leite de vaca cru e tem uma textura amanteigada. Também é conhecido como “Canastra do Sul” pela semelhança com o produto mineiro.
Queijo serrano de Santa Catarina (Foto: Epagri/SC)
Marajó (PA)
O selo de Indicação Geográfica para a produção do queijo marajó abrange os municípios paraenses de Chaves, Cachoeira do Arari, Muaná, Ponta de Pedras, Santa Cruz do Arari, Salvaterra e Soure, localizados na Ilha de Marajó. O registro, de indicação de procedência, foi conquistado em 2021, e trouxe valorização para o produto, único da lista feito com leite cru de búfala. O resultado é um queijo semipastoso, parecido com o requeijão de corte, de sabor suave.
De consistência cremosa, como um requeijão de corte, queijo marajó é feito com leite de bufála fresco (Foto: Reprodução/Embrapa)