Peixe baiacu que causou morte no ES tem toxinas e espécies menores são as mais perigosas

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G1-ES

Baiacu-pinima ou baiacuzinho é potencialmente mais perigosa e completamente desaconselhada para consumo — Foto: João Luiz Gasparini

Um homem de 46 anos morreu na manhã do último sábado (27) após comer um peixe baiacu, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A família de Magno Sérgio Gomes disse que a causa da morte foi envenenamento. Com a morte de Magno, algumas questões sobre se o peixe pode ser comestível ou não e como fazer isso, surgiram. O g1 conversou com um biólogo especialista em peixes para poder entender quais riscos o peixe pode trazer.

De acordo com o biólogo João Luiz Gasparini, os baiacus são peixes venenosos comuns na costa brasileira.

Eles são comestíveis, mas existem alguns fatores importantes que precisam ser analisados antes de levar o peixe para a mesa.

“No Brasil, existem pelo menos 20 espécies de baiacus. No Espírito Santo, há pelo menos uma dezena. Todos possuem uma toxina chamada tetrodotoxina, que é muito potente e pode causar uma leve dormência (quando ingerida em baixa quantidade) até a parada cardiorrespiratória (quando ingerida em grande quantidade)”, disse Gasparini.

As toxinas são o maior fator de risco na hora de se comer o baiacu. Além disso, algumas espécies são mais perigosas que as outras.

“A maior concentração da toxina se encontra na vesícula biliar. Mas, em algumas espécies, pode estar espalhada em todos os tecidos, inclusive músculos e ovas, vísceras e pele. Varia de espécies para espécie. Outra dica importante é jamais comer as espécies menores (do gênero Sphoeroides), elas parecem ser mais perigosas. O baiacu-arara, ilustrado na matéria, é tranquilo. Todos consomem sem problema”, explicou o biólogo.

Além de analisar qual espécie de baiacu pode ser ingerida, uma limpeza rigorosa precisa ser feita no animal antes dele ser servido.

“O jeito certo de limpar é jamais romper a vesícula biliar quando se retira as vísceras. Para isso é preciso faca bem amolada e muita destreza pois a pele da barriga mais parece um couro com pequeninos espinhos. É difícil de cortar, daí a necessidade de solicitar os serviços dos profissionais que estão nas peixarias e mercados. Os limpadores de peixe – eles detém conhecimento e fazem com muito cuidado e capricho”, comentou Gasparini.

Sobre a espécie

Peixe da espécie baiacu-arara (Lagocephalus laevigatus)  — Foto:  Foto: João Luiz Gasparini

Peixe da espécie baiacu-arara (Lagocephalus laevigatus) — Foto: Foto: João Luiz Gasparini

Gasparini explicou que existem muitas espécies diferentes de baiacus em todos os mares do mundo.

“As espécies que ocorrem no Brasil ocorrem no Atlântico Ocidental. Algumas delas ocorrem desde o Caribe até o Brasil, outras só ocorrem no Brasil e suas ilhas oceânicas. Cada espécie têm a sua história evolutiva e possui sua distribuição geográfica”, comentou o biólogo.

Uma delas, habita no Espírito Santo e é conhecida por ser mais perigosa. O biólogo acredita que possivelmente, a espécie conhecida como baiacuzinho pode ser a que Magno ingeriu e foi envenenado.

“Baiacu-pinima ou baiacuzinho (Sphoeroides greeleyi) é uma espécie de pequeno porte que ocorre nas ilhas e costões rochosos rasos. Há outras duas espécies do mesmo gênero no ES. Uma que ocorre em manguezais e estuários (Sphoeroides testudineus) e outra que ocorre até nas ilhas mais distantes da costa (Sphoeroides camila). Todas as três espécies são de pequeno porte e apresentam manchas e pintas pelo corpo. Essas sim, são potencialmente mais perigosas e completamente desaconselhadas para consumo”, completou Gasparini.

E o biólogo acrescentou ainda que a espécie e conhecida pelo mundo todo.

Myrian e o irmão. Homem morreu após passar mal ao comer um baiacu. — Foto: Arquivo pessoal

Myrian e o irmão. Homem morreu após passar mal ao comer um baiacu. — Foto: Arquivo pessoal

Myrian disse ainda que, devido ao quadro preocupante, Magno foi entubado e transferido para um hospital em Vitória, onde faleceu após mais de um mês de internação.

“Os médicos disseram para a nossa família que ele morreu por envenenamento, que logo subiu para a cabeça. Três dias depois de ser internado, ele teve diversas convulsões, que afetou muito o cérebro dele, deixando o mínimo possível de recuperação”, explicou Myrian.

Diferente do irmão, o amigo dele que também comeu o peixe teve alta uma semana após o episódio.

“Ele já tá em casa. Com as pernas, ele não tá andando muito direitinho. Ele foi impactado neurologicamente, mas está se recuperando”, disse.

De acordo com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX), a intoxicação após ingestão da carne de baiacu ocorre raramente e são poucos os registros no Estado.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que está investigando o caso junto com o município. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Aracruz reforçou que a principal suspeita é que a morte tenha sido causada por uma intoxicação.

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