Nova York aprova decreto para legalizar a maconha

Por

Nova York aprova decreto para legalizar a maconhaDeputados e senadores de Nova York aprovaram, nesta terça-feira (30), o projeto de lei que legaliza o uso recreativo da maconha, o que, após a sanção do governador Andrew Cuomo, tornará o estado o 15º a descriminalizar a prática nos Estados Unidos.

"Esta legislação histórica dá justiça a comunidades marginalizadas há muito tempo, abraça uma nova indústria que vai fazer a economia crescer e estabelece garantias de segurança substanciais para a população", afirmou Cuomo em um comunicado.

O governador disse ainda estar ansioso para sancionar a lei e que o fará assim que o projeto chegar em sua mesa. "Nova York tem uma longa história de ser a capital progressista da nação, e esta importante legislação carregará esse legado."

O projeto, que recebeu 100 votos favoráveis e 49 contrários no Legislativo, prevê que maiores de 21 anos possam comprar maconha e cultivar a planta para consumo pessoal. Além disso, o estado vai remover os antecedentes criminais de pessoas condenadas por crimes relacionados à maconha e suspender multas de quem havia sido pego com até 85 gramas da substância, o novo limite de posse individual.

O novo projeto estabelece aos novos comerciantes legais de maconha um imposto de 13%, dos quais 9% irão para um fundo estadual, 3% para o município e 1% para o condado onde foi feita a venda.

A estimativa do governo estadual é que a legalização da maconha em Nova York pode gerar cerca de US$ 350 milhões (R$ 2 bilhões) em receita tributária anual. Um estudo mais abrangente conduzido pela Associação da Indústria de Cânabis Medicinal de Nova York e pela consultoria MPG traz números ainda mais expressivos.

Estima-se que o mercado da maconha no estado gere US$ 1,2 bilhão (R$ 6,9 bi) em impostos em 2023. Quatro anos depois, a cifra deve ser de US$ 4,2 bilhões (R$ 24 bi). Entre outros impactos econômicos, o estudo aponta que o setor deve empregar 20,9 mil pessoas até 2023 e 76 mil até 2027, movimentando nesses anos, respectivamente, US$ 2,8 bilhões (R$ 16,16 bi) e US$ 10,1 bilhões (R$ 58,3 bi).

Uma das principais bandeiras do projeto também é a reparação dos danos causados às comunidades mais afetadas por décadas de guerra às drogas. Historicamente, negros e hispânicos de Nova York tornaram-se alvos preferenciais das políticas de enfrentamento aos entorpecentes e de maneira desproporcional quando comparada às abordagens feitas a pessoas brancas.

Por isso, o projeto prevê que milhões de dólares em receitas fiscais do setor de venda de maconha sejam reinvestidos em comunidades formadas por essas minorias, e parte considerável das licenças emitidas para a comercialização da cânabis, reservada a empresários dessa faixa da população.

Assim, segundo o projeto, 40% da receita tributária da maconha serão investidos em comunidades formadas por minorias, outros 40% serão direcionados para educação pública, e os 20% restantes irão para o tratamento, prevenção e educação contra drogas.

Ainda não há uma data definida para o início das vendas legais de maconha em Nova York, mas a estimativa é que o comércio da substância comece em 2022. O prazo é necessário para que as autoridades definam as regras de controle desse mercado, incluindo a regulamentação de atacadistas, normas de distribuição, cultivo e varejo e a criação de impostos.

Além disso, o estado criará um gabinete estadual responsável por supervisionar o setor. Esse conselho será formado por cinco membros, três indicados pelo governador e os outros dois pela Câmara e pelo Senado do estado.

A aprovação foi recebida com comemorações por diversas entidades e ativistas que defendem a descriminalização da maconha.

"Aplaudimos o Legislativo de Nova York e o trabalho incansável dos ativistas por seu compromisso em acabar com a proibição da cânabis por meio de uma abordagem centrada na justiça social", disse Steve Hawkins, diretor-executivo do Marijuana Policy Project. "Mais de dois terços dos americanos acreditam que é hora de acabar com a proibição e esta medida representa o exemplo mais recente de autoridades eleitas que se juntam ao coro de apoio à legalização e regulamentação da maconha para adultos."

De acordo com uma pesquisa do Siena College publicada neste mês, quase 60% dos eleitores do estado dizem ser a favor da legalização da maconha recreativa. Entre os eleitores negros, que compõem uma parte expressiva da base política de Cuomo, a taxa de apoio à medida sobre para 71%.

"Nosso movimento não lutou simplesmente pelo bem da legalização, mas trabalhou durante anos para elaborar uma legislação enraizada na justiça racial e econômica, em um esforço para reparar danos e, ao mesmo tempo, definir um novo padrão para a formulação de políticas antirracistas, com consciência de classe e de gênero", disse Jawanza James Williams, diretor da organização Vocal-NY.

Para ele, a aprovação do projeto mostra "o que democracia realmente parece quando a legislatura permite que movimentos progressistas conduzam à justiça". "Este é um grande sucesso para todos os nova-iorquinos, especialmente os negros e latinos sobreviventes da proibição racista", acrescentou Williams.

O grupo político de lobby pró-maconha Norml estima que o número de nova-iorquinos presos todos os anos por pequenos delitos relacionados à substância está na casa das dezenas de milhares, a maioria sendo jovem, pobre e não branca.

"A legalização da maconha é um imperativo de justiça racial e criminal, e a votação de hoje é um passo crítico em direção a um sistema mais justo", disse a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, em um comunicado.

"Por muito tempo, as pessoas não brancas foram desproporcionalmente impactadas por uma proibição desatualizada e míope da maconha, e já passou da hora de corrigirmos isso", continuou a procuradora, acrescentando que a decisão desta terça também é um passo importante para "arquitetar uma economia que proporcionará um impulso muito necessário às comunidades devastadas pela guerra às drogas e pela Covid-19".

Lembrando, nos Estados Unidos, o consumo de maconha é legal nos estados do Alasca, Arizona, Califórnia, Colorado, Illinois, Maine, Massachussetts, Michigan, Montana, Nevada, Nova Jérsia, Oregon, Vermont e Washington.

Confira mais Notícias

Aconteceu no Mundo

Mundo

Maduro muda data do Natal na Venezuela que passa ser comemorado em 1º de outubro

Aconteceu no Mundo

Mundo

Calor extremo mata mais de mil muçulmanos durante peregrinação a Meca

Aconteceu no Mundo

Mundo

Número de refugiados cresce 8% e chega a 120 milhões em todo o mundo

Aconteceu no Mundo

Mundo

"Usava fones": Mulher morre atropelada por trem na Espanha

Aconteceu no Mundo

Fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo dobrou desde 2020

Aconteceu no Mundo

Mundo

Coreia do Sul aprova lei que proíbe consumo de carne de cachorro

Aconteceu no Mundo

Mundo

'Aviso que vem mais', diz Milei em meio a panelaços contra desregulação

Aconteceu no Mundo

Mundo

Milei quer usar Forças Armadas para reprimir protestos contra arrocho e inflação

plugins premium WordPress