Mostra de Cinema e Direitos Humanos atinge 12% da população e transforma Marataízes em referência cultural no Brasil
Marataízes reafirma seu protagonismo nacional ao quebrar um recorde inédito: mais de 5 mil pessoas participaram da 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no município, o que representa aproximadamente 12% da população local — uma marca que não apenas surpreende, mas consolida a cidade como um verdadeiro polo de cultura e cidadania.
A edição de 2025 bateu todos os índices de público já registrados no município em um evento de arte e cultura envolvendo cinema e educação, sendo considerada um case de sucesso pela coordenação nacional do Ministério da Cultura (MINC).
Essa conquista, no entanto, não veio sem desafios. A programação prevista para locais importantes como o Palácio das Águias e a Feira do Artesão teve que ser interrompida por impedimentos técnicos e falta de coordenação com a Secretaria de Cultura – “É lamentável que, mesmo em uma cidade que recebe vultosos recursos oriundos dos royalties do petróleo, tenhamos perdido espaços fundamentais por falta de estrutura. A cultura com gosto de petróleo pode estar com seus dias contados se não houver compromisso e planejamento”, criticou o cineasta Zé Peixoto, produtor e coordenador da Mostra em Marataízes.
Apesar dessas limitações, a força da mobilização social e educativa foi o diferencial. Com 15 pontos de exibição, o maior número entre os 320 espalhados pelo país, Marataízes se destacou especialmente pela integração com a rede pública de ensino. Foram 12 escolas envolvidas, incluindo turmas do Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), numa proposta que ultrapassa o entretenimento e abraça o cinema como instrumento de transformação social.
“Levamos o cinema para dentro das salas de aula com um compromisso pedagógico claro. A Mostra é uma ação formativa e cidadã, que dá voz às realidades diversas e promove empatia, reflexão e pertencimento”, destacou Fernanda Bahiense, produtora executiva local.
Os filmes exibidos abordaram temas como desigualdade social, direitos das pessoas com deficiência, cultura afro e indígena, empoderamento feminino e educação ambiental.
Além das escolas, espaços como o CRAS e o Centro de Convivência Renascer acolheram sessões voltadas a minorias sociais, como idosos, mulheres, crianças e adolescentes especiais, e público do CAPS.
“O compromisso com essa pluralidade foi alcançado. Marataízes ficou com os olhos bem abertos no Brasil. Levamos mensagens de direitos humanos a públicos que muitas vezes são invisíveis. Isso é motivo de orgulho e sinal de que estamos no caminho certo”, afirmou Peixoto.

O cineasta Zé Peixoto ao lado da atriz Margareth Galvão, coordenadores da Mostra em Marataízes
Parte do êxito se deve à estratégia de divulgação intensa e inovadora da Beloze Produções, responsável pela produção local. Um trabalho consistente de campo, e o uso inteligente das redes sociais, garantiram visibilidade e engajamento jamais vistos em eventos do gênero na cidade – “Não é exagero dizer que a Mostra virou uma marca de cidadania em Marataízes. A emoção de ver a plateia cheia, em todos os cantos do município, é indescritível”, completa Peixoto.
O sucesso da edição 2025 já acendeu os planos para o futuro: em 2026, a expectativa é ampliar ainda mais a estrutura, com foco na inclusão de novos segmentos da população. “O homem do campo, o pescador, o pessoal da limpeza pública e os profissionais de saúde também precisam ser incluídos nesse movimento. Com mais de 5.000 espectadores, chegando a 12% de nossa população, sonhamos que a Mostra chegue a todos os cantos do município”, afirma o cineasta.
Apesar das adversidades e da resistência de setores conservadores, que ainda tentam desqualificar ou dificultar manifestações culturais voltadas à diversidade e aos direitos humanos, Marataízes mostrou que é possível transformar desafios em realidade. A cidade, que já tinha se destacado em 2024 por representar 5% do público nacional da Mostra, agora se torna símbolo de resistência e ousadia cultural.
A 14ª edição da Mostra, realizada entre 26 de maio e 15 de junho, marca não apenas um feito numérico, mas uma conquista simbólica: mostra que cultura, educação e cidadania podem, e devem, caminhar juntas. E que, quando o cinema encontra o povo, há espaço para dignidade, reflexão e mudança.
Acompanhe alguns registros dos pontos de exibição da Mostra



