Marataízes se consolida como referência nacional na 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos
Em uma ação que reafirma seu protagonismo no cenário cultural brasileiro, Marataízes sedia, pelo segundo ano consecutivo, um dos projetos cinematográficos mais relevantes do país: a Mostra de Cinema e Direitos Humanos (MCDH). O evento, que chega à sua 14ª edição em 2025, tem como tema central “Viver com dignidade é direito humano” e mobiliza 320 pontos de exibição em todo o território nacional — sendo 15 apenas em Marataízes, o maior número entre todos os municípios participantes.
Com coordenação e produção local da Beloze Produções Brasil, liderada pelo cineasta Zé Peixoto, a Mostra em Marataízes é resultado de um esforço coletivo e estratégico que envolve diversas frentes da gestão pública e da sociedade civil. O evento é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), com produção nacional do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O sucesso alcançado em 2024, quando Marataízes respondeu por 5% de todo o público nacional da Mostra, impulsionou uma estratégia de expansão que transformou a cidade em um verdadeiro polo cultural e educativo. Neste ano, o alcance foi ampliado para todo o sistema público de ensino local.
“Estamos coordenando 12 escolas no município, abrangendo o Ensino Fundamental 1 e 2, o Ensino Médio e o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Levamos a Mostra para dentro das salas de aula, com um compromisso pedagógico e cultural muito claro”, explica Fernanda Bahiense, produtora executiva da Mostra em Marataízes.
Fernanda enfatiza ainda que a proposta vai além da exibição de filmes: trata-se de uma ação pedagógica integrada. “Nossa meta de expansão de público tem um compromisso especial com a educação. Acreditamos na arte como ferramenta de transformação social e no cinema como um canal potente de reflexão e empatia”, complementa.
A iniciativa conta com o apoio das Secretarias Municipais de Educação, Assistência Social, Habitação e Trabalho, e Cultura e Patrimônio Histórico, em uma articulação que reforça o potencial de Marataízes como referência em políticas públicas de cultura. A Mostra será realizada entre os dias 26 de maio e 15 de junho, com dezenas de sessões, debates e atividades envolvendo diversos segmentos de público, além do sistema educacional.

Reunião preparatória online com diretores e coordenadores pedagógicos
Para o produtor cultural Zé Peixoto, o desafio de organizar 15 pontos de exibição exige planejamento e dedicação contínuos. “Estamos sempre um passo à frente, tentando antecipar soluções antes mesmo das diretrizes nacionais estarem totalmente definidas. É uma luta constante pela arte e cultura em nosso município. Trabalhar com cinema em um território descentralizado, exige que a organização tenha que correr contra o tempo, mas o resultado sempre compensa”, afirma.
A Mostra prioriza, como de costume, temáticas bastante atuais e sensíveis, e de grande visibilidade no campo dos direitos humanos. As obras abordam a desigualdade social e econômica, os desafios da educação ambiental diante da crise climática, a cultura afro-brasileira e indígena, a realidade de crianças com deficiência e a luta pelo empoderamento feminino.

Na foto, o diretor do Centro de Convivência Renascer, Josivan Brandão Mothe, juntamente com Fernanda Bahiense, Zé Peixoto e Margareth Galvão
Peixoto destaca ainda que, neste ano, a Mostra amplia sua visão plural e democrática, com foco na diversidade. “Estamos determinados a alcançar os públicos da terceira idade, LGBTQIA+, mulheres, coletivos étnicos, crianças especiais e iniciativas de preservação ambiental. É preciso entender cada segmento a partir de uma proposta que fortaleça o vínculo entre cidadania e direitos. O público não está apenas assistindo a filmes; está refletindo sobre o mundo, ampliando suas visões e se reconhecendo como sujeito de direitos.” Para atender a um público tão diverso, a ampliação de pontos de exibição na cidade, inclui o Centro de Convivência Renascer, dirigido por Josivan Brandão Mothe, e o auditório do CRAS, sob coordenação de Drielle Porto Marques.
A 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos também resgata a sala de cinema como espaço de formação crítica. “É um privilégio poder apresentar o cinema a um público que, em sua maioria, nunca esteve em uma sala de projeção. Pretendemos despertar neles o desejo de transformação e o senso de pertencimento à nossa comunidade e à sociedade brasileira”, destaca a consagrada atriz e diretora Margareth Galvão, que também colabora na organização local da Mostra.
Com um repertório audiovisual que contempla produções de todas as regiões do país, a Mostra de Cinema e Direitos Humanos transforma Marataízes em palco de múltiplas vozes e realidades, reafirmando que cultura e educação caminham juntas na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática.