Jeanette Jara (dir.), candidata do PC do Chile nas primárias presidenciais (Foto: Prensa Latina)
A disputa presidencial chilena se encaminha para um domingo decisivo, em meio a forte polarização e incerteza sobre quem sucederá Gabriel Boric. Conforme divulgou o Clarín, única fonte com pesquisas acessíveis devido à veda eleitoral vigente no Chile, estudos publicados fora do país em 9 de novembro apontam que a candidata governista Jeannette Jara chega ao primeiro turno na dianteira.
Segundo o Clarín, essa vantagem é considerada pequena e não garante à candidata o mesmo desempenho caso avance ao segundo turno. As projeções mostram que Jara perderia para qualquer um dos principais nomes da direita.
O ultradireitista José Antonio Kast aparece logo atrás e segue como o adversário mais competitivo contra a governista. Ambos encerraram suas campanhas na noite de terça-feira com grandes eventos: Jara na praça de Maipú, reduto progressista na periferia de Santiago, e Kast no Movistar Arena, na capital, cada um buscando mobilizar suas bases e se apresentar como a melhor opção para conduzir a transição pós-Boric.
No ato em Maipú, Jara afirmou diante da multidão que, nas eleições de 16 de novembro, “não somente há en juego una candidatura, sino una mirada de país hacia el futuro”. Já Kast reforçou seu discurso de oposição direta ao progressismo ao declarar: “Somos nós e não outros o que temos a melhor opção para derrotar essa esquerda e chegar ao poder ao 11 de março”.
A pesquisa da Cadem evidencia o cenário apertado: Jara aparece com 29% das intenções de voto; Kast, com 24%; Johannes Kaiser, representante da ultradireita libertária, soma 13%; e Evelyn Matthei, da direita tradicional e herdeira do Piñerismo, tem 16%. Nas últimas semanas, Kast perdeu apoio e passou a ser pressionado pelos dois rivais à direita, transformando o primeiro turno de domingo em uma verdadeira disputa interna das correntes direitistas.
Os analistas citados pelo Clarín atribuem essa queda de Kast à combinação de pressões de Matthei, com uma agenda mais tradicional, e de Kaiser, cuja retórica anarcolibertária e colapsista ganhou espaço entre eleitores em busca de alternativas disruptivas. A ascensão de Kaiser rendeu comparações com Javier Milei, levando parte da imprensa chilena a chamá-lo de “Milei chileno”.
Se as projeções estiverem corretas, o pleito será definido apenas no segundo turno, marcado para 14 de dezembro. Os levantamentos mostram que, nesse cenário, Jara ficaria atrás de Kast, Matthei ou Kaiser. Mesmo com a aproximação dos adversários, Kast mantém — de acordo com as consultoras — o maior potencial de vitória no segundo turno, sustentado por seu perfil mais duro e pela capacidade de unificar o voto de todas as correntes oposicionistas.