O cantor e compositor Gilberto Gil foi eleito por maioria absoluta à cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta quinta-feira (11).
Gil, que teve 21 votos, concorreu com o poeta Salgado Maranhão (7 votos), e o autor e crítico literário Ricardo Daunt (nenhum voto).
Gilberto Gil deve assumir o posto em março de 2022, quando o órgão volta do recesso de fim de ano.
A cadeira 20 estava ocupada pelo acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em maio de 2020. Mas já foi ocupada pelo general Aurélio de Lyra Tavares (1905/1998), que, como ministro do Exército, assinou o Ato Institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, que piorou ainda mais a ditadura militar do qual o cantor foi vítima e obrigado a se exilar juntamente com Caetano Veloso.
Gil ficou preso de dezembro de 68 a fevereiro de 69 e, após ser solto, seguiu confinado em casa até julho. Depois, ambos foram exilados em Londres.
O jornalista Ancelmo Gois lembra que no exílio, o artista compôs "Aquele Abraço", uma espécie de hino de despedida do Brasil, onde cita até o bairro onde fica o quartel em que esteve preso, no verso "Alô alô, Realengo".
LUZ
Aos 79 anos, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil recebeu 21 dos 34 votos dos acadêmicos para a cadeira 20 da ABL.
Em entrevista após o resultado da eleição, Gilberto Gil afirmou que levará para a ABL aquilo que já construiu como artista e gestor cultural. "Eu acho que é o que já tenho em mãos, o que represento, o que sou, o grau de articulação que eu consegui ter na vida em relação à questão da vida cultural brasileira. Tenho uma passagem pelo mundo institucional da cultura, como secretário de cultura de Salvador, ministro da Cultura do país. Uma obra que tem lá seus méritos, seus valores, e um certo dinamismo, uma capacidade empreendedora mínima", disse Gilberto Gil.
O cantor tropicalista defendeu a ampliação do número de acadêmicos negros no futuro. "O significado da presença do negro na vida brasileira precisa reluzir em determinados lugares. É preciso se tornar brilho. A ideia da Academia é essa de brilho, de superfície polida, brilhosa. São oportunidades que têm sido subtraídas o tempo todo aos negros no Brasil."