Castellar Guimarães Neto ao lado de Alejandro Dominguez, em 2019, em Belo Horizonte Foto: Arquivo Pessoal
Tão logo o Conselho de Ética da CBF decidiu afastar do cargo o presidente Rogério Caboclo, pelos próximos 30 dias, após uma funcionária da entidade acusá-lo de assédio sexual e moral, iniciaram-se quase que imediatamente as conversas de bastidores pela sucessão.
Apesar de o estatuto ter levado ao cargo máximo do futebol nacional o vice-presidente mais velho da entidade, Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, a movimentação já existe para alçar à posição Castellar Guimarães Neto, um dos oito vice-presidentes da CBF e ex-presidente da Federação Mineira de Futebol.
Marcelo Veiga, Renê Weber e Jorginho foram algumas das vítimas da Covid-19 Foto: Montagem sobre fotos
As articulações entre os dirigentes são lideradas pelo secretário-geral da entidade, Walter Feldman. Entre os vice-presidentes o nome de Castellar Guimarães é visto como de consenso para ocupar o lugar de Caboclo até o fim do mandato atual, que termina em abril de 2023.
O estatuto da CBF prevê que em caso de vacância do cargo de presidente, seu vice mais velho deve assumir e convocar uma nova eleição dentro do prazo de trinta dias. Dessa eleição só podem participar os vice-presidentes, que votam entre si.
Os candidatos seriam Antônio Aquino (Acre), Ednaldo Rodrigues (Bahia), Castellar Guimarães (Minas Gerais), Fernando Sarney (Maranhão), Francisco Noveletto (Rio Grande do Sul), Marcus Vicente (Espírito Santo) e Gustavo Feijó (Alagoas), além do próprio Nunes.
O GLOBO e o 'Extra' convocaram mais de 60 jornalistas que escolheram os principais vencedores do Campeonato Brasileiro dos últimos 50 anos. Foto: Montagem sobre fotos de arquivo
Coronel Nunes tenta se equilibrar em uma corda bamba. Ele é experiente em mandato tampão e considerado, por muitos, uma figura decorativa na CBF. Assumiu o cargo quando a Fifa afastou Marco Polo Del Nero da presidência, em 2017. Na sua gestão, criou uma situação embaraçosa entre os membros da Conmebol ao votar no Marrocos para ser sede da Copa de 2026, enquanto todos haviam concordado em votar na candidatura tríplice de México, EUA e Canadá.
Além de tratar da investigação sobre Caboclo, os vices precisam lidar com a crise na seleção brasileira deflagrada pela forma como o mandatário conduziu a vinda da Copa América para o país, à revelia do conhecimento de comissão técnica e jogadores. Após longo silêncio, quebrado apenas pelas entrevistas de Tite e Casemiro, eles prometem expôr a opinião depois do jogo contra o Paraguai. A expectativa é que os jogadores se mostrem contrários ao torneio em manifesto.
Denúncia
A denúncia contra Caboclo foi protocolada na sexta-feira por uma funcionária que relatou conversas inoportunas e comportamento inapropriado do dirigente, segundo o ge. O colunista Lauro Jardim, do GLOBO, revelou parte de um diálogo, que foi gravado por ela. Em um dos trechos, Caboclo chega a perguntar se ela se masturbava e ouviu como resposta que a estava deixando sem graça e que ela não queria falar sobre o assunto.
Caboclo, que se fiz inocente, não era obrigado a se afastar do cargo, embora o diretor de Governança da CBF, André Megale, tenha recomendado, por meio de um e-mail enviado a ele e a todos os diretores da entidade na noite de sábado, que o presidente se licencie enquanto o caso estiver sendo investigado e julgado pela Comissão de Ética.
Apenas a posição da comissão, entretanto, não é suficiente para punir o dirigente. A decisão deles, caso optem por alguma punição a Caboclo, precisa ser referendada por três quartos da Assembleia Geral da CBF. E as sanções são diversas, do banimento até simples advertência. A pior hipótese para Caboclo será a de ter alguma punição severa e, além disso, o caso ser encaminhado para o Ministério Público e a Justiça, possibilidade prevista no Código de Ética da CBF.