Dinossauro pescoçudo “anão” é identificado no interior de SP

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Encontrado na cidade de Ibirá, no interior de São Paulo, dinossauro Ibirania parva é a primeira forma anã dos saurópodes (Foto: Matheus Gadelha / Divulgação)

Encontrado na cidade de Ibirá, no interior de São Paulo, dinossauro Ibirania parva é a primeira forma 'anã' dos saurópodes (Foto: Matheus Gadelha / Divulgação)

Fósseis de uma nova espécie de dinossauro pescoçudo “anão” foram encontrados em Ibirá, no interior de São Paulo. A criatura batizada de Ibirania parva media apenas entre 5 m e 6 m da ponta do focinho à extremidade da cauda. Trata-se da primeira forma "anã" dos saurópodes — grupo de dinos pescoçudos e herbívoros — já identificada nas Américas.

A descoberta descrita em 15 de setembro na revista Ameghiniana é também uma das menores espécies de dinossauros com pescoço longo identificadas no mundo, embora os saurópodes sejam conhecidos como os maiores animais a caminharem em terra firme.  Alguns deles, como Argentinosaurus ou o Patagotitan, encontrados na Argentina, eram gigantes que podiam ultrapassar 30 metros de comprimento.

“Existiram centenas de espécies desses dinossauros em quase todos os continentes e, apesar da maioria ser conhecida pelo seu grande tamanho, algumas formas adotaram uma tendência contrária”, explica Aline Ghilardi, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e coautora do estudo que descreve a nova espécie, em seu blog “Colecionadores de Ossos”.

Reconstrução esquelética de Ibirania parva: elementos ósseos recuperados (coloridos) e ossos ausentes (brancos) foram reconstruídos por meio de comparações com espécies intimamente relacionadas. Ao lado, está representado um humano com 1,8 metro de altura (Foto: Navarro et al. )

Reconstrução esquelética de Ibirania parva: elementos ósseos recuperados (coloridos) e ossos ausentes (brancos) foram reconstruídos por meio de comparações com espécies intimamente relacionadas. Ao lado, está representado um humano com 1,8 metro de altura (Foto: Navarro et al. )

Ghilardi recorda que trabalhou durante sua graduação com fósseis do pequeno dinossauro pescoçudo de Ibirá, que na época não ganhou nome, mas foi reconhecido como diferente das outras espécies descritas no Brasil. Muito tempo se passou, mais ossos do saurópode foram encontrados, e o paleontólogo Bruno Navarro, atual estudante de doutorado no Museu de Zoologia da USP, topou liderar a descrição da espécie.

Em conjunto com outros especialistas, incluindo o Professor Marcelo Fernandes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Navarro e Ghilardi apresentaram o dinossauro nanico ao mundo científico. Seu nome Ibirania é uma junção das palavras Ibirá (“Árvore”, em Tupi) e ania, que em grego significa “caminhante, peregrino”. Já parva é o latim para “pequeno”. Portanto, é possível traduzir o nome do dinossauro como “o pequeno peregrino das árvores”.

Ibirania também recebeu o apelido de “Bilbo”, em referência ao hobbit de “O Senhor dos Anéis”, por ser um nanico entre gigantes. Segundo Ghilardi, já logo a princípio era possível notar que os fósseis eram muito pequenos em relação a outros titanossauros. Ao compará-los com materiais de outros animais, foi, contudo, possível concluir que ele pertencia aos saltassauros, um grupo de titanossauros que inclui algumas espécies pequenas.

Representação do dinossauro Ibirania parva do Cretáceo Superior no Brasil (Foto: Reprodução/Twitter/@SpinoDragon145)

Representação do dinossauro Ibirania parva do Cretáceo Superior no Brasil (Foto: Reprodução/Twitter/@SpinoDragon145)

Ainda assim, para averiguar se o tamanho reduzido não seria porque o dinossauro era jovem quando morreu, a equipe analisou o tecido ósseo do animal no microscópio, com as amostras sendo submetidas ao paleontólogo Tito Aureliano, atualmente estudante de doutorado da Unicamp.

“A partir da análise do tecido ósseo foi possível concluir que Ibirania realmente era uma espécie de titanossauro 'anão', já que os fósseis pertenciam a um animal adulto no momento de sua morte, ou seja, ele não cresceria mais ao longo de sua vida”, explica Ghilardi.

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