Perseguição Política e Incoerências na Gestão Cultural em Marataízes

Por Guilherme Nascimento

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07/12/2024

Guilherme Nascimento

A Secretaria Municipal de Cultura de Marataízes está no centro de uma crise que atinge diretamente a classe artística local e compromete a promoção da cultura no município. Diversas ações recentes levantam sérias suspeitas de perseguição política e gestão arbitrária. Entre as principais denúncias estão notificações para devolução de recursos de projetos culturais já executados, com prazos impraticáveis de setenta e duas horas, e a imposição de execução imediata de propostas cujo prazo se estenderia até o próximo ano. Essas medidas, incoerentes e desproporcionais, colocam em xeque a transparência e a ética da gestão atual.

O Contexto Histórico e Político da Crise

Marataízes, como parte de uma política cultural nacional e estadual, deveria ser um exemplo de gestão que valoriza a arte e a cultura como ferramentas de transformação social. No entanto, a trajetória da Secretaria Municipal de Cultura tem sido marcada por disputas políticas e administrativas. Após anos de pressão social, a Secretaria conquistou sua autonomia administrativa, desvinculando-se de outras pastas. Apesar de ser uma vitória para a classe artística, essa autonomia foi acompanhada de desafios que vão desde a nomeação de gestores sem ligação com o setor cultural até denúncias de nepotismo.

O contexto político do município agrava ainda mais a situação. Em vez de promover políticas inclusivas e participativas, a gestão atual adotou práticas que geram insegurança entre os artistas. Projetos executados com transparência e ampla documentação — incluindo notas fiscais, fotografias, depoimentos e listas de presença — estão sendo indeferidos sem justificativas plausíveis, enquanto novas propostas enfrentam prazos arbitrários e inviáveis para execução.

As Ações da Secretaria e Seus Impactos

As notificações emitidas pela Secretaria Municipal de Cultura, exigindo devolução de recursos ou execução antecipada de projetos, geram uma série de incoerências que reforçam a percepção de perseguição política. Entre os impactos mais graves estão:

  1. Deslegitimação do Trabalho Artístico: Projetos que já trouxeram benefícios concretos para a comunidade estão sendo desconsiderados, desvalorizando o esforço dos artistas.
  2. Pressão Financeira e Psicológica: A exigência de devolução de recursos já aplicados cria uma situação de desespero para artistas que, além de não terem como devolver os valores, já utilizaram os recursos de forma comprovada.
  3. Prejuízo às Comunidades: A interrupção de projetos e o enfraquecimento da classe artística impactam diretamente as comunidades mais vulneráveis, que dependem da arte e da cultura como ferramentas de inclusão social.

Um Olhar Científico e Sociocultural

A cultura é um dos principais pilares de coesão social e desenvolvimento humano. De acordo com a UNESCO, a valorização da diversidade cultural é essencial para a promoção de sociedades justas e equitativas. Em um município como Marataízes, onde a arte desempenha um papel crucial na construção da identidade comunitária, a ausência de políticas públicas efetivas para o setor compromete não apenas o presente, mas também o futuro da cidade.

A perseguição política contra artistas, aliada a práticas administrativas incoerentes, reflete uma visão retrógrada da cultura como algo periférico ou secundário. Na verdade, a cultura é um investimento estratégico, fundamental para o fortalecimento dos vínculos comunitários, a geração de renda e o combate às desigualdades.

Resistência e Esperança na Transição de Gestão

Com a transição para uma nova administração municipal a partir de janeiro de 2025, há uma expectativa de que injustiças sejam reparadas e um diálogo mais aberto e humano seja estabelecido. A nova gestão tem a oportunidade de rever as ações da Secretaria, analisando cuidadosamente as denúncias e reconhecendo a importância do trabalho artístico para o desenvolvimento local.

A classe artística, por sua vez, permanece resiliente, reafirmando seu compromisso com a promoção da arte e da cultura. Apesar das adversidades, os artistas continuam levando suas iniciativas às comunidades, resistindo contra práticas que tentam deslegitimar seu trabalho e sua importância.

Conclusão: A Urgência de uma Gestão Cultural Justa

A crise na Secretaria Municipal de Cultura de Marataízes é um reflexo de como questões políticas podem comprometer a gestão de um setor tão vital. Este artigo não é apenas uma denúncia, mas um chamado à reflexão e à ação. É urgente que a nova gestão assuma um compromisso real com a cultura, adotando práticas mais transparentes, inclusivas e participativas.

Que essa denúncia sirva como ponto de partida para um diálogo mais profundo e transformador, onde a cultura seja reconhecida como o que realmente é: um direito fundamental, uma ferramenta de transformação e um legado a ser preservado.

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