Os sinais do que vem por aí

Por Basílio Machado

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25/07/2024

Basílio Machado

Jornalista, Professor e Membro da Academia Cachoeirense de Letras

Naquele antigo jogo de atenção “Onde Está Wally?”, procurávamos num amontoado de pessoas e imagens a figura da personagem principal da brincadeira. Por vezes era quase impossível localizá-la, mas havia sinais que nos orientavam, como a camisa listrada de branco e vermelho e a indefectível toquinha com pompom.

Nesta pré-campanha eleitoral de Cachoeiro, busquei nos slogans e chavões usados pelos pré-candidatos algo que pudesse sugerir o que vem por aí, ou, em qual diapasão eles vão dar o tom da disputa. Até nisso foi difícil qualquer previsão, a maioria entrou na defensiva, escondendo o jogo, como Wally.

Até agora, as figuras de linguagem de que se valeram soam mais como uma largada, digamos, profilática. Ressalvo o slogan “Energia para Renovar”, de Diego Libardi (Republicanos), que, de forma subliminar, faz uma provocação velada às pré-candidaturas de Theodorico Ferraço (PP), Lorena Vasques (PSB) e Carlos Casteglione (PT).

Ao falar em energia e renovação, o republicano ataca Ferraço duplamente. Primeiro pela idade avançada e segundo pelo fato do decano fazer parte de uma geração mais distante e resiliente. O slogan alcança ainda, indiretamente, Lorena Vasques (PSB), preposta de Victor Coelho, e Carlos Casteglione, que também já governou Cachoeiro. Contudo, é inócua para Léo Camargo (PL).

O chavão de Diego coloca uma lupa naquilo que será sua campanha, ou seja, aproveitou a oportunidade para já ir moldando o discurso, meio que elegendo o principal adversário, ou seja, aquele que acredita poder lhe causar mais danos na peleja à vera, quando, por força de lei, não poderá usar o mesmo slogan. É advogado e sabe disso, todavia optou por não perder tempo.

Ferraço, por sua vez, foi mais prudente (como uma serpente), para citar um ditado muito utilizado pelo deputado em sua larga e exitosa carreira política. Ao eleger a “Experiência em Progresso, para um Novo Desafio”, dizeres que estamparam o painel de fundo da coletiva que definiu Junior Corrêa como seu parceiro de chapa, a equipe de Ferraço procurou usar um antídoto para os ataques que já previam acontecer. E aconteceram.

A alusão ao Novo também teve caráter pedagógico. Dá importância a Juninho e à sua legenda, aproveitando a popularidade e a juventude de seu pré-candidato a vice-prefeito. Vale lembrar que Juninho era líder disparado nas pesquisas eleitorais feitas até então, um capital político que o marketing de Ferraço não titubeou em aproveitar.

Lorena Vasques veio de “Cachoeiro do Futuro”. A mensagem tenta descolar a sua campanha da impopularidade pontual do prefeito à qual serviu até há poucos dias. Afinal, por que não “Cachoeiro do presente”? A ex-secretária de Obras buscou ainda sugerir ao eleitor que o que se faz agora, mesmo sob críticas, terá reflexo positivo mais adiante na vida do cachoeirense. Nada como um dia após outro. Lá na frente, caso não tenha sucesso na eleição, Lorena pode surgir no cenário fazendo dobradinha com Victor Coelho nas eleições parlamentares, estadual e federal.

Léo Camargo também buscou um antídoto para a balbúrdia que tomou conta do PL após a saída de Juninho. Ao sugerir “Agora é Léo” e “Juntos por um Cachoeiro Melhor”, tenta apagar a imagem de que o partido tenha ficado à deriva. Foi na veia. É fato que muita especulação corria à boca miúda dando conta que que os liberais estavam em busca de um substituto viável eleitoralmente. Com os slogans, colocou um ponto final na questão e sua pré-campanha já dá sinais de que a pipa saiu do chão e ganha altura.

E o Casteglione? O petista não vem fazendo alarde. Suas redes sociais mostram muita atividade de chão, visitas, reuniões com a comunidade, mas sem sinal de fumaça no ar. Não produziu qualquer frase de efeito ou mesmo fez lançamento oficial de pré-campanha. Talvez, com dois mandatos de prefeito no bornal, tenha confiado no “Lula lá”. Deu certo para o presidente três vezes.

Até!!

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