Não seria a hora de mudar o Protocolo de Atendimento, testagem em massa e priorizar a prevenção em assintomáticos?

Por Helio Barboza

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10/05/2020

Helio Barboza

Editor de O JORNAL

 

Marataízes registrou hoje, domingo (10), mais seis casos de contaminação pelo Covid-19, chegando ao assombroso número de 61 infectados, 39 só neste mês de maio, colocando a cidade na lamentável liderança negativa da pandemia nos municípios do Sul do Estado.

 

A velocidade do avanço da doença é extremamente preocupante, principalmente se levar em conta a situação do Hospital Santa Casa de Cachoeiro, referência para o tratamento do Covid-19 na região, que a qualquer momento poderá em colapso com a ocupação dos leitos de UTI e enfermaria.

 

Desde a última sexta-feira (8), a prefeitura tomou algumas medidas, com a edição de novos decretos para tentar frear o contágio. Entre as medidas, está a ampliação de postos com barreiras sanitárias, que agora passam a operar durante 24 horas. Também passa a monitorar agricultores e pescadores, assim como seus familiares. Em outra frente, equipes da Vigilância Sanitária e de Posturas estão inspecionando estabelecimentos comerciais, conferindo se estão atendendo aos últimos decretos assinados pelo chefe do Executivo.

 

No entanto, as medidas, necessárias, porém um tanto tardias, não irá produzir os efeitos de forma satisfatória, pois a livre circulação da população pelas ruas é um dos principais meios de propagação do vírus.

 

Lembrando que os casos registrados em Marataízes estão sendo confirmados apenas via Laboratório Central (Lacen). Como se vê na notícia, até o momento só foram realizados 136 testes. Não resta dúvida em afirmar que a situação mostrada está bem abaixo do quadro real. A subnotificação é clara, e isto não acontece somente em Marataízes. É em todo país.

 

Só para se entender melhor, Anchieta e Presidente Kennedy adquiriram testes rápidos para serem aplicados em profissionais da saúde e em servidores que atuam na linha de frente do combate ao Covid. Em Anchieta, só nas primeiras testagens, o número de infectados aumentou de imediato. Da mesma forma ocorreu em Presidente Kennedy, que em apenas dois dias coletando material, identificou 31 servidores infectados com Covid, mesmo sem que nenhum deles apresentasse sintomas da doença. Essa simples mudança no protocolo de identificação, por si só, já abre a possibilidade de trabalhar com a prevenção e salvar vidas.

 

Por isso, Marataízes também precisa repensar suas estratégias de enfrentamento.

A cidade, privilegiada com os royalties do petróleo, possui recursos próprios e com eles pode perfeitamente adquirir milhares de testes rápidos para testagem em boa parte da população. Aqueles que testarem positivos para o Covid, um tratamento preventivo, visando o aumento das defesas imunológicas, seria o mais sensato e, certamente, traria resultados bem mais promissores.

 

Não é hora para individualismos e muito menos para orgulhos exacerbados. É preciso que todos se, neste caso, se juntem – Governo Municipal, Câmara de Vereadores, Conselho Municipal de Saúde, Igrejas, Clubes de Serviços e demais organizações (Rotary, Maçonaria, Lions). De forma coordenada, precisam se manifestar. A população exige isso.

 

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