A política é dinâmica…não fica parada. Aquele que encosta, fica pra trás.
A prova mais cabal disto pode ser exemplificada pelos últimos acontecimentos em Cachoeiro, vividos em constante ebulição.
Num recorte rápido, desde os últimos meses do ano anterior, 2023, muita “água já passou por debaixo da Ponte de Ferro”.
Ainda naquele ano, mas já deslumbrando o processo sucessório da Capital Secreta, o advogado e ativista político – Diego Libardi (Republicanos) junto a dois deputados estaduais – Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União), deram início a negociações para dali sair um nome para a disputa do cargo maior do Executivo cachoeirense.
Depois disso, o vereador Juninho da Cofril, que teve expressiva votação para a Câmara Federal, também movimentou os balcões de aposta com a colocação de seu nome para concorrer ao comando da Prefeitura local.
Também no ano anterior ao atual, o ex-prefeito Carlos Casteglioni (PT), manifestou seu interesse em entrar na corrida eleitoral visando retornar ao cargo, enquanto o prefeito Victor Coelho tirava ‘da manga’ o nome de sua secretária de Obras, Lorena Vasques, apresentando-a como pré-candidata à sua sucessão.
Entramos em 2024 e, após uma pequena pausa para os festejos de final de ano e carnaval, os acontecimentos e arrumações prosseguiram, reacendendo o característico ritmo efervescente.
Reuniões e mais reuniões entre grupos, porém, sem alterar o quadro dos possíveis postulantes ao cargo majoritário, até chegar o mês de abril, quando o vereador Juninho Correia (Cofril), que tinha o nome bem avaliado até aquele momento, surpreendeu a todos com o anúncio de sua desistência da candidatura, justificada por sua decisão de seguir vocação sacerdotal.
Este fato provocou uma reviravolta nos meios políticos. As composições foram todas revistas e, na verdade, serviu como a renovação do fôlego de alguns grupos.
No início do mês de abril, foi a vez do trio citado acima, em consenso escolhesse Diego Libardi como candidato. O que poderia ser um caminho para confrontar com os outros nomes já colocados, acabou se tornando o estopim de uma crise partidária, com o presidente estadual do Podemos, deputado federal Gilson Daniel convocando a imprensa para declarar que seu partido não se aliaria ao Republicanos na eleição de Cachoeiro, desautorizando o deputado Allan Ferreira a apoiar o candidato.
Os arranhões deste episódio, caso não haja realinhamento, pode apontar para a possível desfiliação de Allan do partido, já que, em primeiro momento, ele afirmou que não deixaria de apoiar Diego na empreitada, contrariando a decisão do presidente estadual da legenda.
Em seguida, três dias depois deste imbróglio, o deputado Theodorico Ferraço, também ex-prefeito da cidade, divulgou nas redes sociais sua intenção de entrar no páreo da disputa.
Bem articulado, o velho e experiente político começou a buscar nomes para compor sua futura chapa como vice. Neste momento, analistas locais aventaram, inclusive, a aproximação de Ferraço com o prefeito Victor Coelho, imaginando uma chapa com Lorena de vice.
Era o quadro mais palpável, tende em vista que, ao mesmo tempo que atenderia o desejo do prefeito, que já anunciou sua pretensão de disputar uma vaga para a Câmara Federal em 2026, de quebra agradaria também aos anseios do governador Casagrande na construção de uma forte base em Cachoeiro para sua campanha ao Senado Federal no mesmo ano.
Casagrande teria a justificativa ao PT nacional para preterir Casteglioni, pois teria um forte nome do PSB na disputa, mesmo como vice.
Pois bem. Apaga tudo isto e vamos para como terminou este dia 28 de maio. Ferraço, talvez em conversa no confessionário, conseguiu um salvo-conduto para procrastinar o início da vida sacerdotal de Juninho Correia e o anunciou, na manhã desta terça-feira, como seu vice.
Pensa que acabou?! Está enganado. O anúncio de Ferraço caiu como uma injeção de ânimo nos nomes concorrentes, principalmente porque, com a delimitação do espaço já traçado no tabuleiro, agora abre a chance de uma recomposição e, certamente, Victor e Casagrande irão se debruçar sobre o tema, abrindo uma nova chance para a articulação junto ao PT nacional em torno da composição entre Casteglioni e Lorena.
Só lembrando que, até as eleições, as águas continuarão passando intrépidas sob a Ponte de Ferro da Capital Secreta. A conferir.