E SE FOR UM SINAL?

Por Cláudia Sabadini

/

18/06/2025

Cláudia Sabadini

jornalista e escritora, com seis livros publicados

E SE FOR UM SINAL?

Minha amiga me conta que pediu um sinal para Deus. Qualquer coisa que a fizesse sentir menos sozinha e desprotegida na tempestade que atravessa. Um gesto que fosse, mas com muita clareza, uma vez que somos distraídos nos acasos da vida. Por vezes também rezei pedindo uma sabedoria milenar para assuntos que mereciam pouquíssima atenção divina. Mas, no caso de minha amiga, muito mais afeita às orações e momos divinos diários, achei a resposta do Altíssimo tão rápida que resolvi contar.

Diz ela que o sinal chegou poucos dias após o pedido fervoroso, durante uma visita de uma criança à sua casa. Um sobrinho, de pouco mais de dez anos. Ela lavando louça na pia e ele avistando possibilidades de brincadeiras pela janela da cozinha. O moleque, inspirado por algum anjo passando por ali, avistou uma coisa muito brilhante no terraço da casa ao lado e, desobediente que só, pulou muro, subiu portão, enfrentou perigos só para trazer para ela, em meio a lama, um anel de ouro com uma pedra um pouco embaçada por décadas de lodo verde. Uma joia que ninguém foi capaz de notar à distância, e que despertou o olhar daquele menino.

Era a resposta que chegava numa manhã como tantas outras, na rotina da casa, cuidando da vida e do que os filósofos chamam de “cuidado de si”, da tal busca por uma existência que faça sentido mesmo acomodando dores repentinas. O anel estava perdido há mais de dez anos. Foi um presento do marido, num dos aniversários de casamento do casal e que, por um descuido, foi mantido nesse passado de lembranças felizes, mas também dolorido, como toda relação duradoura é.

Ela me mostra o anel e pergunto o que ela sentiu ao ter de volta aquela joia esquecida e qual a mensagem da vida, de Deus, ou seja, lá o que cada um acredite, para essa resposta tão enigmática. “A aliança de Deus comigo, amiga, segue inabalável, rompe o tempo e os muitos capítulos da minha vida. Deus me vê, está comigo. Estou em Paz”. Foi o que ela me disse convicta de que o céu a respondeu.

Dias depois dessa conversa ainda penso em como Deus é sutil nas respostas e como nós, conectados às coincidências da vida e desconectados dos milagres invisíveis, seguimos distraídos e desavisados esperando e clamando por sinais divinos diretos e barulhentos, das esperas e no Seu tempo…coisas que só a espiritualidade explica.

plugins premium WordPress