DESAMADA

Por Cláudia Sabadini

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26/11/2025

Cláudia Sabadini

jornalista e escritora, com seis livros publicados

Era dada a amores servis, desses que maltratam a luz do dia – com consentimento – e se redimem a noite, entrelaçando-nos o corpo e a alma.

Sem palavras nem gestos, sem qualquer crença de alegria mansa, ela passava o dia a esperar o repouso nos braços dele, após o pânico da demora.

Não é suficientemente bonita, não tem profissão, é mal sucedida.

A falta de sorte a fazia aguardar todos os dias a fúria inexplicável daqueles braços feudais, os insultos sutis e repetidos seguidos de rapidíssimos momentos de prazer.

Nada estanca a dor de suas células desamadas.

E nada emudece as vozes que gritam seu nome.

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