Existem muitas variáveis a se considerar para podermos cravar que determinada cidade possui uma atividade turística relevante, e esse de “Cidade cheia é sinônimo de Turismo bom” com certeza NÃO é uma dessas varáveis.
Aspectos pertinentes que são invariavelmente encontrados em cidades turísticas são:
– Variedade de atrativos turísticos (monumentos, mirantes, praias, entre outros);
– Bons equipamentos turísticos (hotéis, pousadas, agências de viagens, entre outros)
– Boa sinalização viária e turística;
– Valorização da cultura local (culinária, artesanato, entre outros);
– Cidade apta a receber turistas, com serviços de limpeza, água potável, saúde e segurança prestados de maneira satisfatória.
Essas características resumem bem o que o Turismo traz para a localidade, a cidade precisa estar organizada, com serviços públicos funcionando bem e assim receber os turistas, que por sua vez, caso sejam bem recepcionados e o destino ofereça uma boa atratividade turística, trarão novas divisas financeiras para o município. Com seus gastos em hotéis, restaurantes, quiosques, ingressos para shows, supermercados, padarias, enfim a possibilidade de fomento da economia local é gigantesca.
E isso só acontece devido a uma transação econômica bem básica, as divisas de um centro emissor se deslocam para outro centro, chamado então de receptor, ou seja, um turista traz seu salário que ele ganhou em sua cidade para gastar em outra cidade, assim a cidade receptora desse salário irá incrementar sua economia com um dinheiro que não estava girando na economia local.
Para sacramentarmos o mito de que “Cidade cheia é sinônimo de Turismo bom”, falaremos um pouco a respeito da capacidade de carga de cada localidade, ou seja, qual a quantidade de indivíduos que a cidade comporta sem prejudicar seu patrimônio e seus serviços básicos. A conta exata talvez seja um pouco complexa e até irrelevante para as pretensões desse artigo, todavia, de forma simples, podemos exemplificar um dos aspectos dessa capacidade é a quantidade de pessoas que podem pernoitar na cidade na mesma noite, acomodadas em meios de hospedagem, e a quantidade máxima de lotação dos restaurantes. São bons indícios da capacidade de carga do município, pois para pleitear ser sede de um grande evento, como por exemplo, um congresso de médicos, a cidade deverá conhecer sua capacidade de carga para assim saber se poderá receber adequadamente tal evento.
Diante do que foi apresentado, podemos concluir que Turismo bom é quando a economia local se beneficia dessa atividade, sem, no entanto, degradar a cidade e sua cultura local. Assim o Turismo massificado ainda praticado em várias localidades do Brasil, bem como em nossa região litorânea do sul do Espírito Santo, baseado somente em atrações musicais como forma de entreter e ganhar visibilidade, sem pautar em estudos de capacidade de carga e dados econômicos dessa atividade, são um exemplo do mito “Cidade cheia é sinônimo de Turismo bom”