Todos os anos, nós de O JORNAL, reservamos uma pauta especial para o dia 12 de Junho.
Não para aumentarmos nossos ganhos comerciais, o que seria até normal, diante o apelo publicitário que precede O Dia dos Namorados, comemorado nesta data.
Nossa intenção sempre foi a de manter viva a história e, na data em questão, daquele que é considerado o expoente célebre das terras capixabas – Domingos José Martins.
Neste ano de 2021, propositalmente decidimos não pautar essa lembrança em nossos canais de comunicação, para aguardar que o Herói Capixaba fosse ter seu nome ecoado pelos quatro cantos do Estado.
Lamentavelmente, não foi isso que vimos. O que vimos foi que o Herói, único capixaba que figura no Panteão dos Heróis da Pátria, título que lhe foi outorgado em 2011, através da lei 12.488 de autoria do deputado federal Maurício Rands, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, teve o nome sequer mencionado.
Tirando uma pouco sonora homenagem feita pela Polícia Civil, o qual é também o seu patrono, que realizou uma solenidade pela passagem da data da morte do Herói Capixaba, pouco se viu de lembranças. Nenhuma exaltação, tanto na Capital do Estado, onde emprestou por décadas seu nome para a sede do Poder Legislativo Estadual, quanto nas cidades de Itapemirim e Marataízes, o 12 de Junho, no contexto histórico, foi solenemente ignorado.
Nenhuma notinha específica na mídia falada, televisada e nem tão pouco na mídia escrita, incluindo o esquecimento às redes sociais. Nas escolas dos dois municípios, nem um trabalho, nem uma “contação de história” a respeito. Repetindo: Lamentável.
Domingos Martins, nasceu em 9 de maio de 1781, numa área costeira então pertencente ao município de Itapemirim, localidade denominada de Quartéis, nas cercanias do Sítio Caxangá.
Depois da emancipação, a área hoje é pertencente ao município de Marataízes. (*A título de localização, Quartéis, lugar apontado para o nascimento do Herói Capixaba, é onde fica o famoso Bar do Micinho, em Boa Vista).
Abaixo, reproduzimos, um pouco sobre, pedindo desculpas à História, pela omissão daqueles que deveriam preservá-la. Lamentável que capixabas ignorem a própria história.
Breve História de Domingos José Martins
Domingos José Martins foi um comerciante e revolucionário brasileiro. Nascido em 9 de maio de 1781, no Sítio Caxangá, atual Marataízes.
Filho de Joaquim José Martins e de D. Joana Luíza de Santa Clara Martins, que vieram para comandar o “Quartel” de estrada, criado em 1810, em frente à Ilha das Andorinhas, localidade (praia) de Boa Vista, ao sul de Marataízes, que tinha a finalidade de fiscalizar e impedir o desembarque clandestino de africanos. O quartel também servia de apoio e proteção aos viajantes dos ataques dos índios Botocudos e Puris, que habitavam a região.
Iniciou os estudos primários na capital do estado do Espírito Santo, completando a sua formação, posteriormente, em Portugal. Seguiu para Londres, onde se empregou na firma portuguesa Dourado Dias & Carvalho, chegando a condição de sócio do mesmo estabelecimento comercial.
Já muito rico, retornou ao Brasil em 1813, se estabelecendo em Recife, onde casou-se com Maria Teodora da Costa, filha do abastado coronel Bento José da Costa. Pernambuco, àquela altura, a capitania mais rica do Brasil, possuía a elite intelectualmente mais preparada da colônia.
Ele foi líder e mártir da Revolução Pernambucana, importante movimento republicano ocorrido em 1817. Entusiasta dos ideais liberais e ligado à maçonaria inglesa, Domingos andava de braços dados com negros e mulatos, concordando quando ouvia que eram todos iguais, uma ousadia em meio a uma região ainda escravista e patrimonialista.
Condenado à morte pelo crime de lesa-majestade assim como outros treze revolucionários pernambucanos, foi fuzilado em 12 de junho de 1817.
O revolucionário
Na Revolução Pernambucana de 1817, emergiu de maneira brilhante e singular. Pelas próprias circunstâncias de sua vida, era homem dono de grande capacidade de resolução. Os que na época trataram com ele, pintam-no amigo do mandar e do gastar, ambicioso e afável. Maçom, fizera em Londres amizades nos ambientes liberais e um de seus amigos mais próximos foi o general Francisco de Miranda, que lutara na guerra da Independência dos Estados Unidos, vindo da França com as tropas de Dumouriez. Miranda participara também de uma tentativa de emancipação da Colômbia em 1805, sufocada pelos espanhóis, e seu sonho somente se concretizou com Simón Bolivar, ao mesmo tempo em que ele morria no cárcere, na Espanha.
Inegavelmente, Martins foi um observador inteligente que percebeu a evolução das ideias liberais na Europa e bem compreendeu as aspirações particularistas latino-americanas. Pernambuco deveria ser para ele um capítulo glorioso de todo esse grande processo.
O martírio e glória
Com a derrota dos revolucionários, foi capturado no Recife, e como Pernambuco estava sem governador português àquela altura, foi enviado para julgamento na Bahia, sendo fuzilado em 12 de junho de 1817 no Campo da Pólvora em Salvador, Bahia.
Domingos José Martins foi homenageado pela Polícia Civil do Estado do Espírito Santo que o escolheu como patrono, assim como também é patrono do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES) em Vitória, cuja data de fundação em 12 de junho de 1916 se deu 99 anos após sua morte. Além de haver escolas com seu nome, como a EMEF Cívico-Militar Domingos Martins no município de Montanha, a EEEF Domingos José Martins na cidade de Vila Velha e Escola Domingos José Martins, em Marataízes, que também tem em seu traçado urbano uma avenida que leva seu nome. O revolucionário foi também homenageado tendo um município com seu nome nas montanhas capixabas.
No dia 16 de setembro de 2011 a presidente da República, Dilma Rousseff sancionou a lei 12.488, de autoria do Deputado Federal Maurício Rands, que inscreveu o nome de Domingos Martins no Livro dos Heróis da Pátria, o qual está depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.
Livro
Várias publicações retratam a Revolução Pernambucana de 1817, destacando a atuação direta de Domingos José Martins, um de seus idealizadores e líderes, como o romance "A Noiva da Revolução: O romance da República de 1817", com várias exaltações de críticos literários. “Um livro para ler, guardar e pensar nele sempre” (Renato Pompeu); “Por meio desta ficção conhecemos uma genuína luta pela emancipação brasileira” (Ana Luiza Trevisan); “Uma lição de História e uma história de amor. Melhor, impossível” (Clotilde Tavares).
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Sinopse