A INDÚSTRIA DA CARIDADE E A PROMOÇÃO DA MISÉRIA

Por José Amaral Filho

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22/11/2019

José Amaral Filho

Há muito tempo a caridade é tratada por alguns grupos sociais como uma política de promoção desses grupos. Muitos deles chegam até mesmo a se digladiar por espaços nas ruas para distribuição de sopa e comida durante as madrugadas dos grandes centros urbanos. Também disputam visitas a hospitais, presídios, todos os lugares onde existe alguma forma de sofrimento oferecendo conforto pontual, mas, não com a intenção de resgatar da miséria esse público, mas de mantê-lo sob controle e submisso. Não interessa erradicar a pobreza extrema, pois essa é a mais valiosa moeda para ser usada como capital político e religioso.

Todos os anos a cena de submissão se repete principalmente em datas como Dia das Crianças, das Mães, Páscoa e Natal. As cartinhas para Papai Noel, muito promovidas pelas escolas públicas são um prato cheio, um combustível perfeito para movimentar essa indústria que recicla os restos dos filhos da classe média descartando-os sobre crianças da periferia que se quer terão condições de ter uma pilha para mover o brinquedo depois que as que vieram nele se esgotarem e, a miséria dessas crianças está garantida até a próxima data marcante.

Essa indústria é tão rentável que todos os governos que se atreveram a intervir nela, transformando alguns de seus pontos em políticas públicas, foram duramente combatidos pela classe média que não suporta perder seus pobres de estimação. Que não suporta ver o filho da família miserável a quem destinava suas roupas velhas, ingressando na Universidade, tendo um emprego digno, tendo vida social.

No Brasil, os dois golpes de Estado, o de 1964 e o de 2016, não foram motivados por ameaças comunistas e ou pedaladas fiscais, mas pela intervenção do Estado na mais lucrativa indústria dos hipócritas: a caridade.

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