A Câmara Municipal de Cachoeiro realizou nesta quinta-feira (30), com transmissão pelo Youtube, a audiência pública “Segurança Pública e sociedade organizada”. A iniciativa foi do vereador Ary Corrêa (Patriota) e autoridades municipais e estaduais da área estiveram presentes, além de representantes de entidades, apresentando sugestões para o setor.
Ary abriu a audiência apresentando um painel sobre a insegurança em Cachoeiro e destacando a necessidade de união das forças de segurança para enfrentar a questão. Em seguida, o presidente da Câmara, Brás Zagotto (PV), afirmou que a violência aumenta junto com o tráfico e consumo de drogas, e lembrou que a Câmara tem uma comissão especial discutindo a insegurança no interior do município. Já o vereador Paulo Grolla (PSB), que teve seu estabelecimento comercial no distrito de Soturno assaltado esta semana, afirmou que no interior, de fato, a situação é cada vez mais perigosa e pediu mais policiamento.
Para o vereador Ary Corrêa, a audiência foi muito bem-sucedida. “Tivemoso a oportunidade de conhecer com mais profundidade a atual situação das forças de segurança em Cachoeiro. E já iniciamos o diálogo para concretizar a interação entre Polícia Militar e Guarda Municipal no sentido de realizarem as patrulhas nos bairros”, comemorou.
Alguns pronunciamentos
Wesley Mendes, presidente do Sindicato Rural de Cachoeiro de Itapemirim e membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, afirmou que em reunião esta semana com o Prefeito Municipal foi criado um grupo de trabalho para tratar sobre a insegurança no interior. Segundo ele, há três tipos de crime acontecendo nessas áreas: o crime organizado para roubo de café e gado, o crime ocasional de gado e o crime ocasionado pelo tráfico de drogas, que atinge inclusive as residências rurais. Ele disse que é necessário criar um Plano de Segurança Rural, com definição de orçamento específico, ações educativas de combate ao crime, planejamento da atuação da Guarda Municipal nos distritos etc. Wesley pediu que a Câmara participe da criação do plano, junto com Poder Executivo, Justiça, OAB e forças de segurança.
O ex-vereador Rodrigo Sandi, morador do bairro Zumbi, afirmou que, além do combate às drogas, é necessário que o estado ocupe espaços nas comunidades carentes, para reduzir o tráfico e consumo. “Precisamos de capacitação para jovens, trabalho, áreas de lazer, educação. Somente atuação da polícia nunca vai resolver a situação da violência nas cidades”, afirmou.
O representante do Residencial Otílio Roncetti, Sérgio Santos, também pediu a presença dos poderes públicos em seu bairro. Segundo ele, quando se leva creche, escola, posto de saúde, posto policial e linhas de ônibus para uma comunidade, a segurança da população melhora.
O tenente-coronel Fabrício da Silva Martins, comandante do 9º Batalhão, também frisou sobre a importância da presença do estado e das políticas públicas nas comunidades. “O crime recruta os jovens que estão na rua, sem fazer nada. Temos que colocar essas crianças nas escolas”, disse. Afirmou também que é necessário prover iluminação pública e calçamento de vias, para que a polícia possa atuar. Disse que o efetivo do 9º Batalhão da PM hoje deveria ter 424, mas possui apenas 280 policiais, incluindo os que estão de férias e licença médica. Afirmou que, apesar do efetivo reduzido, a PM tem apresentado bons resultados em Cachoeiro. Segundo ele, o Ciodes atende por mês 3.800 ocorrências, havendo apenas 11 viaturas atuando nas ruas. Houve redução de 38% em homicídios este ano, em relação ao ano passado, assim como também diminuiu em quase 80%, o número de agressões contra a mulher, devido à implantação da Patrulha Maria da Penha. Quase 17 mil unidades de droga foram apreendidas em Cachoeiro somente este ano. Segundo ele, em uso de droga, Cachoeiro só perde para a Praia do Canto, tendo um perfil diferente de consumidor, que é a população periférica que utiliza o crack.
O Coronel Francisco Inácio Daróz também participou da audiência. Ele informou que a prefeitura está em processo de hierarquização da Guarda, selecionando em seu efetivo 12 sub-inspetores, seis inspetores e um superintendente. Disse que há, ainda, a promessa do prefeito de contratar pelo menos mais 60 guardas até o final do mandato. , Atualmente são 64 guardas, sendo 41 armados e 23 desarmados, porque foram reprovados no curso. Ele apresentou ainda algumas estratégias da Guarda, como a Ronda Escolar e Ronda de apoio à Família (Rafa),
A delegada Edilma Oliveira, representando a regional da Polícia Civil, afirmou que a falta de efetivo é um problema que existe há anos. Segundo ela, a Academia de Polícia está formando novos investigadores, peritos, legistas e escrivães, e sugere que as autoridades locais façam ofício ao Governo do Estado relatando sobre a necessidade de priorizar Cachoeiro. Segundo ela, apesar dos problemas que enfrenta, a Polícia Civil realiza inúmeras operações e faz um ótimo trabalho. “Fazemos muito com o pouco que temos”, disse.
Os vereadores Allan Ferreira (Podemos) e Léo Cabeça (PDT); o advogado André Ribeiro, representante da OAB; os ex-vereadores Lucas Moulais e Wilson Dillen; e Valdomiro de Almeida, o Mirim, presidente da Associação de Moradores do bairro Gilson Caroni, também se pronunciaram pedindo mais policiamento, ofertas de serviços públicos nos bairros, principalmente para os jovens, e investimento em efetivo e equipamento para as polícias.