O evento que deveria ser um marco para as manifestações culturais de Guarapari e servir assim como um grande empoderador da identidade local, mostrou ser apenas mais um espetáculo sem nenhuma relação local.

Em sua sexta edição, o evento mostra um ar excludente e elitista que tem necessidade de “importar” até mesmo a decoração de muros com imagens europeias sem a mínima relação com a cidade, enquanto o pouco de seu acervo que ainda se mantém de pé, uma vez que nenhuma política pública de preservação é executada pela prefeitura, serve apenas como uma espécie de empecilho para as megalomanias da administração.

O ponto central do evento é a conhecida Esquina dos Aflitos, situada no cruzamento das avenidas Joaquim da Silva Lima e Roberto Calmon, no Centro da cidade, que em edições anteriores teve como atração vários músicos e artistas locais que dessa vez brilharam como estrelas solitárias em noites nubladas. Não por falta de talento, mas por falta de noção da organização que acha mais bonito colocar a prata da casa na gaveta e não na cristaleira.

Provavelmente a atração principal tenha sido a vergonha protagonizada pela Secretaria de Turismo e Cultura que removeu das proximidades a única livraria da cidade de mais de 130 mil moradores, a Banca da Lua, mostrando que aqui a esquina será sempre a dos Aflitos. Da Cultura, jamais.