Francisco Gil de Araújo. Provavelmente poucos atualmente ouviram falar desse nome em Guarapari, mesmo tendo sido ele uma das mais importantes pessoas que passaram por aqui quando foi capitãodonatário do Espírito Santo, entre 1674 e 1687.
Já em 1674 quando adquiriu a Capitania, rapidamente se encarregou de fazer importantes reformas como a construção do Forte de Nossa Senhora do Carmo, reconstrução do Forte de São João e construção do Forte de São Francisco Xavier de Piratininga que fico localizado dentro do 38º Batalhão de Infantaria em Vila Velha para proteger a baia de Vitória que era uma das mais atacadas por piratas no Brasil.
Mas grande parte de seus esforços se concentraram em Guarapari, até então uma esquecida e decadente aldeia jesuítica onde a única igreja existente se encontrava em estado de ruína.
Se encarregou de transformar a decadente aldeia em um lugar promissor devido a sua privilegiada geografia que permitia aportar embarcações de grande calado que poderiam dar vazão a enorme e também pouco conhecida produção de açúcar.
Em 1675 Guarapari já se preparava para ser erguida a condição de vila, a terceira mais antiga do Espírito Santo e para tal, Francisco Gil de Araújo ordenou e custeou a construção de uma nova igreja matriz, essa em honra a Nossa Senhora da Conceição e que se encontra hoje em ruínas de uma casa de Câmara e Cadeia, que também se encontram em ruínas e de Pelourinho do qual sequer temos memória. Essas três obras – Casa de Câmara, Cadeia e Pelourinho, eram fundamentais para que a aldeia se tornasse vila e passasse a ter certa autonomia.
A Casa de Câmara tinha como finalidade a aplicação das leis de Portugal, a Cadeia para mostrar que havia justiça contra os crimes dos homens livres e o Pelourinho para fazer justiça aos crimes cometidos pelos escravos.
Finalmente, em 1679, Guarapari deixa a condição de aldeia administrada por padres, que já não o faziam a um bom tempo e passa a ter uma superintendência municipal e vereadores alcançando dessa forma um status de certa autonomia civil e política em detrimento a religiosa apenas, embora ainda continuássemos sendo uma colônia.
Em 1682 Francisco Gil de Araújo vai definitivamente para a Bahia e seu projeto de construir uma Guarapari grandiosa acaba ficando em segundo plano.
Com seu falecimento em 1687, Manuel Garcia Pimentel, seu filho, sucedeu-o na donataria do Espírito Santo, sem dar continuidade aso trabalhos do pai e, sem mesmo sequer ter pisado aqui.
Desde então Guarapari passou um enorme processo de estagnação como vila que pode ser notado no abandono da igreja construída para ser a matriz e que se encontra hoje em total ruína e pela falta de memória e reconhecimento de seu maior benfeitor, Francisco Gil de Araújo, do qual não possuímos sequer uma rua com seu nome.