Juntando as 16 cidades do litoral sul do Espírito Santo, temos hoje, aproximadamente, 660 mil habitantes.
Se tudo der certo, até o final do ano começa a obra do Porto Central em Presidente Kennedy. Um porto que será duas vezes e meia o tamanho do porto de Santos-SP. São 4 km para dentro do continente e 3 km mar adentro. São 7 km de comprimento com 300 m de largura e 22 m de profundidade média.
Na região do Porto Central passa um gasoduto, passará uma ferrovia, foi licitada uma termoelétrica e o principal é que se situará no coração do Brasil, na região sudeste. Isso num país em que a capacidade portuária não dá conta da demanda.
Nesta região em questão, será um dos melhores lugares do Brasil e do mundo para se montar uma indústria, depósito, logística, etc.
Um dos cenários plausíveis é a população dobrar em até 10 anos. Como ficaria a água, luz, esgoto, hospitais, coleta de lixo, habitação, rodovias, escolas? Ou seja, deveremos dobrar a infraestrutura em 10 anos, sendo que hoje em alguns serviços são deficitários.
Quando se pensa que poderemos ter, em 10 anos, 1,2 milhões pessoas (quando hoje somos 660 mil), a rede de esgoto deverá estar programada para este crescimento. As estações sendo interligadas paulatinamente (uma, duas ou mais cidades) de acordo com a velocidade do crescimento da região. Do contrário, teremos capacidades esgotadas, refazer redes de esgotos e ai é aquela velha história, de mais e mais obras mal planejadas fazendo a festa dos empreiteiros e castigando a população.
Quantos partos e acidentados teremos na região? Quantos hospitais maternidades e hospitais para acidentados serão necessários nesta região? Um cidadão Vargem Alta irá trabalhar em Presidente Kenedy com somente uma passagem? Faltará água constantemente? Teremos toda esta região com colega de esgoto? Uma ligação telefônica entre Marataízes x Vargem Alta será local ou interurbano? Cadê o plano de mobilidade urbana? Cadê as ciclovias?
Estamos falando da “Região Metropolitana Sul Capixaba”. Da interação das cidades e de suas populações para sustentar este crescimento. Se existe um plano para esta “Região Metropolitana”, é necessário que nossos governantes nos participem, promovam fóruns, debates e esclareçam tudo para a população sobre como a nossa região será desenvolvida.
Com a população esclarecida sobre todo este crescimento funcionando corretamente, ela será a grande aliada do processo.
Com este pensamento de longo prazo, aquele rio ou lagoa que não tem sua mata ciliar preservada e usada erradamente para a agricultura (com seus agrotóxicos) com sua água imprópria para o consumo, amanhã, despoluído e respeitado, será a captação de água vital para a “Região Metropolitana Sul Capixaba”. Assim, a população olhará diferente para nossos mananciais a partir de hoje.
Muito perto daqui temos o exemplo de Macaé-RJ, que cresceu desordenadamente e hoje, para acertar a infraestrutura, seria uma logística e um gasto incalculável.
Nestes cenários, é muito importante ter um macro plano de desenvolvimento para a região. Um urbanista capacitado como foi o falecido Jaime Lerner e a secretaria estadual de planejamento programando esta região para o cenário mais positivo que poderemos ter.
Assim, independente da velocidade que a região de fato terá o crescimento já terá sido programado. Do contrário, por mais incrível que pareça, o desenvolvimento é mal vindo pois seremos Macaelizados.