A TV imaginária de minha insônia

Por Rodrigo Alves de Carvalho

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20/12/2025

Rodrigo Alves de Carvalho

Jornalista, escritor e poeta

Às vezes, de madrugada perco o sono. Logo, me torno personagens de vários programas imaginativos de TV que se passa no teto do meu quarto.

No auge de minha insônia, passo horas analisando vários assuntos, desde as incoerências de um desenho animado, as atuais conjunturas políticas e até os grandes mistérios do universo.

Em alguns momentos, tento me forçar a dormir, e tenho alguns subterfúgios para isso, como por exemplo, me imagino num naqueles programas de sobrevivência, onde a pessoa é deixada no meio do mato, numa ilha ou na África e precisa sobreviver sem faca, sem fósforo e em alguns casos, sem roupa. Para o sono vir, imagino que construí um abrigo bem estruturado e consegui uma bela caça naquele dia, e que na noite terei um bom sono, dormindo ao lado de uma fogueira sob as estrelas…

Quando o sono não vem, outra tentativa é me imaginar com superpoderes, salvando os amigos, a cidade e até o mundo. Para o sono chegar, me imagino muito poderoso, a ponto de ser o mais forte de todo o universo…

Quando o sono ainda não vem, tento me imaginar como um grande esportista, seja um jogador de futebol, ou basquete. Mas o que sempre me imagino quando a insônia chega, é que sou um famoso jogador de beisebol, já que o beisebol é muito conhecido nos Estados Unidos, no Japão, em Cuba e outros países, mas é quase desconhecido no Brasil, dessa forma, sou famosíssimo lá fora, mas posso manter o anonimato aqui, mesmo sendo um superstar muito rico…

Entre um pensamento e outro, vou ao banheiro, viro o travesseiro, mudo de posição na cama e outro pensamento surge, como um novo programa em outro canal, na TV imaginária no teto escuro de meu quarto.

Os pensamentos vêm do nada e como num toque em meu controle remoto também imaginário, mudo de canal e outro pensamento surge, como uma viagem ao espaço com minha nave espacial de tecnologia extraterrestre; um show de rock onde sou o vocalista de uma banda mundialmente conhecida; ou ainda, que de uma maneira inexplicável, voltei a ter doze anos de idade, mas minha mente continua adulta…

Com muito custo e após muitos pensamentos aleatórios, acabo cochilando um pouco.

Na manhã seguinte, constato que não dá para aproveitar nada do que pensei naquela noite, na programação de TV da minha insônia…

Aqueles programas são chatos pra caramba!