País esfomeado se alimenta até de osso de boi 

Por Júlio César Cardoso

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12/11/2021

Júlio César Cardoso

Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú - SC

Moradores coletam restos de ossos para fugir da fome no Rio

A triste realidade do Brasil atual: “osso é vendido e não dado”, conforme consta de cartaz afixado em açougue de Florianópolis/SC. Este é o retrato de um país mal dirigido e que envergonha a todos. 

Trata-se de cena patética, nunca vista, em um país produtor de alimentos, cuja população desassistida passa fome. Entra governo e sai governo, mas o problema continua insolúvel. 

E para piorar, agora é o dragão da inflação que ressurge, atingindo principalmente as camadas mais humildes, que não podem comer sequer um pedaço de carne de segunda. 

Não venham, segmentos governistas, transferir a causa da inflação, por exemplo, aos efeitos da pandemia do coronavírus, pois o resto do mundo enfrenta a mesma situação. 

O Brasil indubitavelmente é um país bumerangue, cujos problemas são resolvidos de forma paliativa para logo em seguida voltarem à estaca zero e fazendo estragos. 

O país carece de política social séria de curto, médio e longo prazo. A fragilidade de sua plataforma para combater os problemas sociais decorre de sua cultura política e governamental corrompida, a qual conduz a nação sob o interesse de grupos que só desejam tirar proveito da coisa pública e beneficiar os seus negócios particulares. 

Como aceitar que um país produtor de alimentos, petróleo etc. submeta o consumidor nacional às variações de preços do mercado internacional? Essa lógica de mercado especulativo das commodities interessa aos exportadores, mas é danosamente prejudicial ao bolso do consumidor brasileiro. 

Ora, as mercadorias que aqui são extraídas ou produzidas têm que ser negociadas no mercado interno a preços inferiores aos praticados no mercado externo. Não podemos castigar ou inviabilizar o consumidor nacional, principalmente a camada mais necessitada. 

Os grandes conglomerados exportadores não podem só pensar nos lucros exorbitantes de seus negócios. Eles têm de respeitar o consumidor nacional que não pode pagar preço de cotação internacional. 

É óbvio que empresas comerciais devem trabalhar com as regras de mercado, reunindo os fatores de produção e coordenando-os no sentido de obter melhores resultados econômicos, bem como retribuir em lucros os seus cotistas ou acionistas. 

Mas o consumidor nacional, mormente o de baixa renda, não pode ficar inviabilizado de consumir bens — a preços irrazoáveis — que aqui são produzidos. 

Produzimos mercadorias e não podemos consumir? Temos que inverter essa prática comercial perversa, que favorece os exportadores e prejudica os consumidores internos, que não podem pagar preços de commodities. 

Portanto, o preço das mercadorias aqui produzidas e negociadas no mercando interno deveria ser menor ao praticado no mercado externo. E cabe ao Congresso Nacional examinar essa questão. 

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