Cientistas criam teste inédito no Brasil para diagnóstico de diarreia aguda — Foto: Edward Jenner via Pexels
O Instituto de Biologia Molecular do Paraná uniu forças com o Instituto Oswaldo Cruz, o Instituto Adolfo Lutz e o Instituto Evandro Chagas a fim de desenvolver o primeiro kit para diagnóstico molecular de rotavírus e norovírus do Brasil. A novidade já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pode contribuir para o monitoramento de patógenos e para a investigação de surtos de diarreia aguda.
Segundo informações do Instituto Oswaldo Cruz, o kit permite quatro investigações simultâneas, incluindo rotavírus, dois genogrupos de norovírus e um controle interno. O desenvolvimento dessa tecnologia durou dois anos e ocorreu a partir de uma demanda da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde.

Kit desenvolvido por cientistas brasileiros para diagnóstico de diarreia aguda — Foto: Divulgação/Instituto de Biologia Molecular do Paraná (com arte de Jefferson Mendes)
“O kit vai permitir o diagnóstico mais rápido em casos de diarreia aguda. Isso é importante durante surtos, para adotar medidas de controle e, no contexto da vigilância, para detectar precocemente mudanças na transmissão desses vírus. Também contribui para monitorar a eficácia da vacinação para rotavírus, que reduziu significativamente as infecções no Brasil, protegendo as crianças de casos graves de diarreia por este agente”, explica o coordenador do Laboratório de Referência Regional para Rotaviroses do IOC, Tulio Fumian.
Irina Riediger, do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, também aponta outras vantagens: “O kit permite a padronização metodológica nos laboratórios do país, tornando os resultados mais comparáveis. Além disso, é produzido com 100% de insumos nacionais, o que fortalece o conhecimento e a detenção de tecnologia no Brasil”.
Hoje, apenas três laboratórios de referência do país realizam o diagnóstico molecular de rotavírus e norovírus, utilizando metodologias próprias – chamadas de in house – e insumos de diferentes fornecedores.
“Com a metodologia in house, são realizados três testes separados, um para rotavírus e dois para norovírus. Com o kit, os três testes são feitos de uma só vez e o controle interno indica se o procedimento de extração do RNA foi feito de forma correta. Isso agiliza bastante a realização dos exames e traz mais confiabilidade sobre os resultados gerados”, aponta a coordenadora adjunta do Laboratório de Referência Regional para Rotaviroses do IOC, Fernanda Burlandy.
A aprovação da Anvisa faz com que o kit possa ser comercializado. Porém, para que seja usado no Sistema Único de Saúde (SUS), o teste ainda depende da avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e de decisão do Ministério da Saúde.