Brasil precisa de sensatez e união para reagir

Por Helio Barboza

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11/03/2021

Helio Barboza

Editor de O JORNAL

Mulher com Covid morre durante transferência de hospital no RS: Deixa a  gente desolado, diz filha | Rio Grande do Sul | G1

Há mais de um ano, o mundo vem passando por uma situação jamais vista, pela magnitude em que se apresenta.

Uma verdadeira catástrofe, de proporções pandêmica, não escolhendo a quem atingir – ricos, pobres, fortes, fracos, sem distinção de raça, etnia e nem mesmo níveis de escolaridades.

Estamos ainda aprendendo a reconhecer e entender como o processo funciona.

Os maiores centros de estudos do mundo, juntamente com renomados cientistas, se debruçam sobre o tema em busca de um antídoto ou panaceia que nos livre deste maldito vírus.

Desde as primeiras medidas tomadas pelos governos em volta do mundo, pode-se dizer que muito foi testado, mas é unânime que poucas coisas funcionaram para deter a epidemia que se alastra. De tudo que se colocou, epidemiologistas concluíram que, sem a vacinação em massa das vacinas produzidas especificamente para este combate, as únicas formas para evitar a propagação é o distanciamento social e o uso de máscaras faciais.

Países europeus foram os primeiros a levarem este alerta a sério. No auge do registro de casos, vários destes adotaram o lockdown. Comprovou-se, após a entrada em vigor dessa medida, que realmente houve um abrandamento das contaminações e com isso desafogaram hospitais, que naquele momento estavam superlotados, sem condições de receberem mais pacientes.

Os EUA, que até o final do ano passado era tido como o país com mais casos registrados e com maiores números de mortes, a partir da mudança de governo também mudou a forma de encarar a guerra, tomando como regra as medidas restritivas, lockdown e vacinação em massa. O resultado desse novo comportamento foi a vertiginosa queda no número de transmissão e no número de mortes ocasionados pela Covid-19.

Na Ásia, a Índia, um dos países de maior extensão territorial e com a maior população do planeta, também apostou na fabricação de sua vacina e consequentemente na vacinação de sua população. Era o segundo país na escala de registro da doença. Este número vem despencando dia após dia e, de acordo com as autoridades sanitárias daquele país, em pouco tempo já poderão declarar o território livre deste vírus mutante.

No caso do Brasil, a situação nunca atingiu um nível em que pudéssemos aqui ter algum motivo para comemorar. O tom negacionista empregado pelo presidente é um confronto direto com aquilo apontado pela ciência. Essa desinformação oficial tem causado os piores resultados no enfrentamento da pandemia. Ao contrário do que outros países adotam como meio de proteção ao comércio e indústria, bem como aos cidadãos, por aqui praticamente nada foi feito neste sentido. Lá fora, medidas como o corte ou redução nos valores de impostos, a não cobrança de taxas de gás, energia elétrica, telefonia, assim com a adoção de garantias de renda básicas para cidadãos, deu mostras verdadeiramente de proteção à nação e aos seus. Aqui, uma longa discussão se arrasta para a garantia de míseros reais, correspondente a pouco mais de 10% do já defasado salário mínimo.

Hoje, 11/03, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que o Brasil representa 10% das mortes pela Covid-19 no mundo. Hoje também, pelo segundo dia consecutivo, de acordo com o Consórcio de Veículos de Comunicação, o Brasil ultrapassou mais de 2 mil mortos em menos de 24 horas.

Lamentável a nossa situação enquanto país e mais ainda se pensarmos que um dia imaginamos fazer parte de uma grande nação. Tudo isso está indo por terra. Infelizmente, depois de tudo isso, o Brasil ainda não tem vacinas para garantir a imunização que pudesse frear o avanço da contaminação. Pouco mais de 5% da nossa população recebeu as doses do imunizante. Vemos hospitais prestes a colapsar, pessoas morrendo nas filas aguardando um leito. E a cada dia perdemos mais um amigo, um parente um filho, pai ou irmão. Muito triste esta situação.

A necessidade premente de se criar um gabinete nacional de enfrentamento é imperiosa. Não há como aguardar passivamente por isso.

Sabemos que a aflição de vermos nossas vidas fora do “normal” é tamanha. Se não tivéssemos entrado na pilha de que era “só uma gripezinha”, talvez já estivéssemos em um estágio mais ameno e controlável da doença. Junte-se a isto a negligência de não termos nos adiantados para a compra dos imunizantes das farmacêuticas fabricantes, em certos casos dando como justificativas questões ideológicas, ao passo que a questão era unicamente humanitária. Por conta disso, hoje estamos na fila.

Para não alongar mais em nossos erros pretéritos, gostaria aqui de externar minha enorme preocupação com algumas medidas adotadas por prefeituras de quase todo Brasil, que trata da volta das aulas presenciais neste momento considerado o mais crítico da pandemia, inclusive com o surgimento de algumas variantes do novo coronavírus. O estado de São Paulo, símbolo do poder econômico e político, foi o primeiro estado a determinar a volta dos alunos no ambiente escolar. Mesmo com todas as precauções tomadas pelas autoridades educacionais para garantir este retorno, em apenas uma semana a Secretaria Estadual de Saúde detectou um aumento de 175% de contaminação entre alunos, professores e, o que é ainda pior, com a contaminação de pais e avós que dividem o mesmo teto com esses. Como resultado desta constatação, as aulas por lá foram novamente paralisadas.

É duro colocar certas posições que defendo, mas seria de bom alvitre que exemplos como este de São Paulo fossem seriamente observados. Aprendemos com erros, mas por outro lado crescemos ao corrigi-los, pois conclui-se que o momento é inoportuno de fato.

Todos querem e precisam voltar ao “normal”, mas para isto, primeiro é necessário debelar essa ameaça real que se encontra circulando do lado de fora de nossas casas.

 

 

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