IATE CLUBE DE MARATAIZES: UM RIO QUE PASSOU EM NOSSAS VIDAS

Por Mario Nemer

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16/01/2021

Mario Nemer

IBGE | Cidades@ | Espírito Santo | Marataízes | História & Fotos

Chegar a Marataízes e se deparar com a derrubada do Iate Clube de Marataízes na “calada do dia” causou consternação e um profundo silencio.

Sem aviso prévio ou comunicação, o clube que trouxe tantas alegrias para muitas gerações de capixabas foi derrubado por máquinas insensíveis ao seu passado e destemidas em seus nefastos atos e efeitos.

A consternação se justifica pela surpresa dos atos que, mesmo motivados ou eventualmente autorizados pela Justiça, não foram feitos com a divulgação de cronogramas e justificativas para o uso do dinheiro público e falta de preservação de um patrimônio cultural do município e até mesmo do Estado do Espirito Santo.

O silencio, por sua vez, se explica pela concordância de todos de que alguma medida precisava ser tomada, tanto pelo abandono quanto por seu desuso em anos que provocaram o desgaste da estrutura e o aumento das dívidas.

Como um doente terminal que sofreu o último suspiro com o desligamento das máquinas que o mantinha vivo, o iate sucumbiu sem o conhecimento ou a publicidade necessária para que todos pudessem se despedir com as honras de estilo.

Durante anos a sociedade pleiteou a sua volta com abraços noticiados com a presença de autoridades, artigos e convocações em todos os verões sem o empenho necessário de quem poderia resolver, mas que, aparentemente, parecia não ter interesse ou ter outros inconfessos que só o futuro poderá revelar.

O clube devia ao Município e à União Federal que provavelmente ficarão sem receber seus créditos apesar das execuções fiscais propostas.

Élcio Sá, Joacyr Pinto e outros fundadores não imaginavam esse triste fim sem os rigores de sua portaria que estimulavam a descoberta de caminhos e aventuras ao longo de seus muros e piscinas.

Poderia ter sido uma escola ou um hospital público que o município não possui e permanece estimulando a ganancia de muitos com transporte e atendimento de pacientes em outros locais.

Poderia ter sido um centro cultural patrocinado por empresas que teriam repassado os valores para pagamento das dívidas por uma fundação, sob constante acompanhamento do Ministério Público. Para tanto, sugeri anos atrás um termo de ajustamento de conduta com o MPF diante dos interesses e deveres da União Federal que, em parte e s.m.j., passaram despercebidos diante dos riscos ao meio ambiente e dos impasses criados.

Os restos das benfeitorias com destino desconhecido precisavam ser inventariados para os devidos fins. Em homenagem aos amigos Hélio Barboza, Isabela Marinuzzi, Júlio Cerqueira, Marcos Vivacqua, Jorge Penedo, Marilene Depes, Mauricio e Ronald Mignone, Thiago Mello, e tantos outros de salão, na beira do mar todo mundo brinca…

Como dizem os carnavalescos portelenses “pela porta aberta de um coração descuidado” entraram sem avisar deixando atônitos os órfãos de Zé Nogueira e muitos que em seus salões aproveitaram.

O Iate “foi um rio que passou em minha vida e levou meu coração!” Só resta a fazer uma exposição de fotos e requerer que o novo ocupante da área mantenha a chama acesa com uma galeria que pode ser tombada em beneficio de todos.

Cuidem de nossa memória com carinho. É nosso direito, é dever de todos!

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