A conta está sendo cobrada de forma errada. Pensem nisso.

Por Helio Barboza

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20/04/2020

Helio Barboza

Editor de O JORNAL

 

A irracionalidade toma conta de boa parte dos brasileiros. A deflagração de uma verdadeira guerra travada entre sensatos e insensatos se repete dia após dia.

 

“Empresários” gritam, organizam carreatas, pedem a cabeça de governadores, de prefeitos e até dos ministros do STF e de quem mais se colocar contrário ao pensamento de que ‘O Brasil não pode parar”.

 

Para esses incautos, o mundo inteiro está errado. De nada vale os exemplos vindos dos países que mais sofreram, até o momento, com a pandemia deste vírus letal.

 

Para eles, a ciência está equivocada. Estão querendo assustar, aterrorizar, causar pânico na população, pois, afinal, é só mais uma gripezinha.

 

Até mesmo em países menos desenvolvidos que o Brasil, as medidas de isolamento da população foram implementadas como forma de conter o avanço da doença. Lá também, com algumas poucas exceções, a indústria e o comércio estão paralisados. O povo compreendeu de pronto que é preciso dar um tempo para que as autoridades sanitárias possam estudar formas eficazes de enfrentamento, seja através da profilaxia quimioterápica, seja através da prevenção, com o surgimento de alguma vacina.

 

Em vários países por onde a Covid-19 transita, governos assumiram o cuidar da população e de suas empresas. Além de um seguro para todos, ainda tiveram a preocupação de assegurar várias concessões no campo econômico, como, por exemplo, a garantia do pagamento de aluguéis, a moratória de dívidas pessoais e empresariais, a isenção de impostos, além da desobrigação do pagamento das tarifas de água e de energia elétrica.

 

No Brasil, diferente disso tudo, o governo estimula as pessoas a desacreditarem na gravidade do problema e as incentiva a se exporem. Colocam um recurso irrisório para alguns trabalhadores, que mal garantirá as despesas mais básicas. Em alguns casos, especificamente para os trabalhadores informais, esta ajuda inexiste. Isso sim é uma desumanidade, pois desde o quadro pré-pandemia, o trabalho informal atingiu o equivalente a 38,4 milhões de pessoas no país…estes estão ‘invisíveis’ para o governo.

Por outro lado, o socorro aos bancos privados ultrapassa a casa dos bilhões de reais, mesmo que estas instituições divulguem trimestralmente, há anos, lucros exorbitantes. Há também a classe política e toda a estrutura que a serve. Não ouvi, salvo raras exceções, dizer que políticos ou outros servidores públicos, abriram mão de parte de seus salários, sejam eles vereadores, prefeitos e vice-prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, senadores, presidente e vice-presidente da República, secretários, ministros, assessores, juízes, promotores.

 

A corda sempre arrebenta pro lado do povo, mas, ainda assim, uma horda de revoltosos escolheram chamar vagabundos aqueles que pensam em cuidar de sua saúde e, consequentemente de suas vidas. Se ao menos parassem para pensar um pouco, veriam que o problema poderia ser enfrentado com mais serenidade se, e somente se, cobrassem o tratamento correto de quem realmente deveria estar se preocupando com o nosso maior patrimônio, que é exatamente a população deste país.

 

 

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