De vez em quando, aceito o convite dos amigos e vou em algum boteco, seja numa quinta ou sexta-feira, depende dos tira-gostos que serão preparados, já que os donos desses bares, geralmente são também cozinheiros de primeira.
Tomar uma cervejinha e comer um tira-gosto com os amigos, acompanhado daquela conversa fiada acumulada durante a semana, sobre futebol, política, música e principalmente mulheres, sem faltar, é claro, muitas risadas por histórias do passado e lembranças dos tempos de juventude. Tudo isso, faz parte do ambiente descontraído e etílico dos botecos.Porém, sempre aparece um sujeito embriagado, que na maioria das vezes, não conhecemos, ou apenas, vimos por aqui e ali, que se achega para se enturmar.— Semana que vem faço 58 anos! Vocês também estão convidados para meu aniversário. Vai ter um almoço caprichado.— Para não sermos mal-educados, e pelo efeito do álcool, que nos deixa mais sociáveis, damos trela para o sujeito.— Opa! O que vai ter de bom no seu aniversário?O sujeito abre um sorriso entusiasmado.— Vai ter arroz, feijão tropeiro ou tutu à mineira, frango e pernil assado, além de porção de torresmo, de mandioca e batata-frita.— Parece que vai ser bom. E para beber?— A cerveja que você quiser, vai ter.Sem querer julgar, mas já julgando, não dava para acreditar que o sujeito pudesse realizar uma festa de aniversário daquela magnitude. Precisávamos de mais detalhes.— Claro que iremos à sua festa. Onde vai ser?— Vou fazer minha festa no restaurante da Dona Maria Soares. Indo para o bairro do Tanque. Sabe onde é?Conhecíamos o tal restaurante, na verdade, um local bem frequentado, com uma comida caseira muito gostosa.— Vai ser no próximo sábado. É só chegar e dizer que são convidados do Toninho aniversariante.Até aí, beleza! O sujeito, melhor dizendo, o Toninho, já havia feito o convite, já havíamos aceitado, entretanto, ele pede uma pinga no balcão e quando começamos a mudar o assunto, ele volta.— Sábado que vem vocês vão no meu aniversário. Vou fazer 58 anos!— Vamos sim. Está combinado.E ele repete tudo de novo… o que iria ter em seu aniversário, e onde seria… repetiu tantas vezes, que nem estávamos mais dando bola.Finalmente, ele vai embora. Logo depois, vamos embora também.No sábado, sem ter muito o que fazer, resolvo ir até o lotado restaurante só para conferir se aquela história de aniversário seria verdadeira.E era. Ou melhor, mais ou menos.Realmente era aniversario do Toninho, a grande maioria das pessoas eram suas convidadas e havia todas as comidas e bebidas que ele havia mencionado, contudo, era preciso pagar para comer e beber.O Toninho era um dos garçons do restaurante. E a dona do estabelecimento havia prometido (como presente) uma porcentagem dos ganhos daquele dia para o esperto aniversariante.