Curtindo a vida como desejar

Por Rodrigo Alves de Carvalho

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21/08/2023

Rodrigo Alves de Carvalho

Jornalista, escritor e poeta

— Você não sai de casa nos finais de semana! Até parece que está chocando um ovo! 

— Mas eu gosto de ficar em casa. De boa e tranquilo. — Está parecendo um velho! Tanta festa legal para ir, barzinhos lotados de mulherada e você deitado na cama! — Mas tem NBA, tem Netflix e um monte de séries e documentários legais na Internet para assistir… — E a mulherada? Vai ficar assistindo pornô por acaso? Ou prefere sair e ficar com mulher de verdade? — Não preciso sair e ir em baladas, beber e ficar louco para conhecer ou ficar com uma mulher. Para tudo tem o momento certo! — Desisto cara! Você fica perdendo tempo de sua vida. Precisa aproveitar enquanto pode. Ir nas festas, conhecer gente… viver! O amigo baladeiro se despede, entra no carro e parte para o forrozão no risca-faca, com muita mulher, bebida e diversão.  Já o amigo caseiro, pede um X-bacon pelo delivery, e se prepara para o jogão entre Golden State Warriors x Denver Nuggets pela NBA. O baladeiro dança, bebe, conhece gatinhas, se arrisca, às vezes se dá bem, às vezes nem tanto, às vezes quebra a cara. Tem aventuras, tem histórias, tem ressaca, fica mal, mas, gosta disso. O amigo caseiro, fica tranquilo, descansa, se informa, dorme bem e acorda disposto no outro dia, e até faz uma caminhada pela cidade, pois, gosta disso. Num certo sábado à noite, os dois se encontram novamente numa reunião de aniversário de um outro amigo em comum. — Após sairmos dessa festinha, você irá comigo para uma balada federal que vai rolar na cidade vizinha, o bagulho vai ser tão violento que não tem hora para acabar! — Vou não! Não estou afim de bate-estaca a noite inteira no ouvido! E além do mais, hoje tem um filmão na TV… — Sério? A diversão batendo em sua porta e você prefere um filme na televisão? Sinceramente, meu amigo, nossos mundos são completamente diferentes!  E assim, os dois amigos seguiram cada um com suas vidas distintas e por um longo tempo não se viram mais. O baladeiro continuou curtindo suas festas, namoros e bebedeiras, enquanto o amigo caseiro preferia uma vida mais tranquila, na paz de seu lar, curtindo a solitude que fazia bem à sua alma. Após quase trinta anos depois, se encontraram casualmente numa farmácia da cidade. O baladeiro havia se casado, tinha três filhos, um emprego numa corretora de seguros e passava os fins de semana assistindo novelas e filmes de ação, e agora, era disso que gostava. Já o amigo caseiro, continuava com seus relacionamentos casuais, sem compromisso sério, e vez ou outra, frequentava o forrozão no risca-faca, quando não tinha jogo da NBA na televisão, para ficar de boa em casa saboreando um X-bacon.