Jazida de Monte Agudo, em Portugal, revela a importância do registo fóssil de vertebrados da região de Pombal (Foto: IDL Ciências ULisboa)
Na jazida paleontológica de Monte Agudo, na região portuguesa de Pombal, paleontólogos escavaram parte de um esqueleto de um dinossauro saurópode que pode ser o maior já encontrado na Europa. A descoberta do herbívoro de 25 metros de comprimento foi divulgada pela Universidade de Lisboa na segunda-feira (22).
As escavações começaram em março de 2017 na região, localizada sob rochas sedimentares do Jurássico Superior, com cerca de 150 a 145 milhões de anos. O proprietário do terreno, que iria realizar obras de construção no local, notou a presença de diversos fragmentos de fósseis antes de acionar os especialistas.
A descoberta do esqueleto do dinossauro ocorreu durante uma campanha de escavação posterior, ocorrida entre 1 e 10 de agosto de 2022. Os trabalhos foram realizados por investigadores do Instituto Dom Luiz da Ciências ULisboa, do Grupo de Biologia Evolutiva da UNED-Madrid e da Facultade de Belas Artes da Universidade Complutense de Madrid.
Os dinossauros saurópodes são um grupo de herbívoros, quadrupedes, com pescoços e caudas compridas. Entre os ossos do exemplar encontrado, estão vértebras e costelas. Segundo Elisabete Malafaia, pesquisadora de pós-doutorado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, não é habitual encontrar todas as costelas de um animal assim, muito menos em sua posição anatômica original.
“Este modo de preservação é relativamente incomum no registro fóssil de dinossauros, em particular em saurópodes, do Jurássico Superior português”, salienta a investigadora, conforme comunicado.
Os especialistas acreditam que o animal seja um braquiossaurídeo, ou seja, parte de um grupo de espécies de grande porte, que viveram do Jurássico Superior ao Cretácico Inferior, e que têm membros anteriores desenvolvidos. A este conjunto pertencem também o Brachiosaurus altithorax, Giraffatitan brancai, bem como o dinossauro do Jurássico Superior encontrado na região oeste de Portugal, Lusotitan atalaiensis.
De acordo com os pesquisadores, as características de preservação dos fósseis e sua disposição indicam a possível presença de outras partes do esqueleto do enorme saurópode. Essa hipótese, contudo, ainda será testada durante futuras escavações.
"A pesquisa na localidade paleontológica de Monte Agudo confirma que a região de Pombal possui um importante registo fóssil de vertebrados do Jurássico Superior, o que nas últimas décadas tem proporcionado a descoberta de abundantes materiais muito significativos para o conhecimento das faunas continentais que habitaram a Península Ibérica há cerca de 145 milhões de anos", conta Elisabete.