O historiador e ativista cultural, José Amaral Filho, teceu contundentes críticas à forma como é proposto o evento “Esquina da Cultura”, promovido pela Secretaria Municipal de Turismo, Empreendedorismo e Cultura de Guarapari e que acontece em dois finais de semana na cidade.
No vídeo, publicado nas redes sociais, Amaral diz lamentar profundamente o tratamento dado a Guarapari pelos gestores municipais – “A cidade, com mais de 400 anos de história, um dos berços da dramaturgia e da literatura brasileira, juntamente com a vizinha Anchieta, não tem incentivos às tradições e culturas locais, não temos grandes escritores na cidade, não temos grandes dramaturgos na cidade, não temos sequer um teatro na cidade”, enfatizou.
Seguindo em suas críticas, Amaral disse que o evento deste ano tem um lado sinistro, muito latente.
– “Sempre fui um crítico deste evento por achar que a cultura não acontece apenas em uma esquina. Mas este ano, o que me chamou mais atenção foi a de saber que a prefeitura está desalojando um comerciante, que já está no local há mais de 20 anos, comercializando algo que o Brasil mais precisa, livros, A organização do Esquina da Cultura quer desalojar uma livraria para instalar o tal evento cultural. Incoerência maior não há”, pontuou.
“O evento Esquina da Cultura vem acontecer justamente para sacramentar essa política da exclusão, essa política do não à nossa cultura, do não à nossa identidade” José Amaral Filho
Para Amaral, evento com este formato mais exclui do que contribui. Para ele, um evento cultural que se prese estaria agregando este sebo, chamando para uma parceria, promovendo, inclusive, tardes de leitura ou distribuição de livros, coisas do gênero que envolvesse o espaço. – “A gente não vê representantes da música negra, das músicas de raiz aqui do Espírito Santo, nem as bandas capixabas que deveriam dominar esse cenário, não só na baixa temporada. A baixa temporada é importante e é lógico que queremos que músicos de fora, artistas de fora também venham para nossa cidade, afinal a nossa população merece sempre experimentar um pouquinho de novas culturas, mas sem excluir quem tá aqui dentro”, ponderou.
José Amaral finalizou sua crítica deixando uma pergunta, chamando para uma reflexão: “Então, fica essa crítica. O que é um evento cultural que exclui, que exclui uma livraria, que exclui um sebo, que dá acesso a livros. Será que esse evento é realmente um evento cultural, ou é apenas uma agendazinha da prefeitura, em ano eleitoral, querendo ganhar uns votinhos?”