É preciso usar protetor solar durante o inverno? Dermatologistas respondem

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Photo taken in Ban Loeng Faek, Thailand (Foto: Getty Images/EyeEm)

Photo taken in Ban Loeng Faek, Thailand (Foto: Getty Images/EyeEm)

Todo mundo já sabe sobre os danos que a radiação solar pode causar na pele e a importância da fotoproteção para preveni-los. Além disso, as fórmulas ganharam infinitas versões, sendo possível encontrar fotoprotetor em pó, spray, bastão, creme, gel, entre outras formulações. Porém, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o assunto.

De acordo com dados da Campanha Nacional do Câncer da Pele da SBD realizada em dezembro de 2019, mais de 60% dos brasileiros não usam nenhum tipo de proteção no dia a dia.

Mas e durante o outono e o inverno? É preciso usar protetor também nos dias frios e nublados? Abaixo, confira as principais dúvidas relacionadas à fotoproteção nesta época do ano, de acordo com os dermatologistas Dra. Paola Pomerantzeff (@drapaoladermatologista) e Dr. Daniel Cassiano (@clinicagrusaude).

É verdade que, mesmo em dias totalmente nublados e chuvosos, a pele ainda pode sofrer danos pela radiação UV?

Paola: Sim, é verdade! A radiação ultravioleta é danosa durante todo o ano, mesmo em dias chuvosos ou nublados. A intensidade da radiação não está relacionada ao clima e sim ao índice ultravioleta, por isso devemos nos proteger do sol mesmo nos meses mais frios. As nuvens “conseguem filtrar” no máximo 30% da radiação ultravioleta em dias nublados, portanto, pelo menos 70% dessa radiação pode atingir a nossa pele.

Daniel: Os níveis de R-UV em dias de céu claro, isto é, quando não há presença de nuvens, são geralmente maiores. A presença de nuvens tende a atenuar a R- UV e diminuir a quantidade de radiação em superfície. No entanto, o nível de atenuação pode variar bastante e nem sempre a nuvem exerce uma proteção adequada à R-UV. Nuvens profundas e escuras, como se vê em dias com fortes pancadas de chuva, podem atenuar quase totalmente os fluxos de R-UV. No entanto, nuvens menos espessas e mais claras atenuam apenas parcialmente.

Devido a essa grande variabilidade, não é possível fornecer um parâmetro ou um percentual de atenuação da R-UV pela nebulosidade. Há, inclusive, situações particulares de presença de nuvens cumulus ou cirrus que pode provocar um fenômeno de intensificação da R-UV e, por um curto período de tempo, tornar os fluxos de R-UV superiores àqueles que seriam observados em um dia de céu limpo.

Qual radiação é mais intensa durante a temporada fria, ultravioleta A ou ultravioleta B? De que forma cada um desses raios causa danos às células do tecido da pele?

Paola: A radiação ultravioleta que incide na Terra se divide em UVA e UVB. A intensidade da radiação UVA varia pouco ao longo do dia e se mantém alta durante o outono e inverno. Ela causa aumento do risco de câncer de pele e fotoenvelhecimento da pele (flacidez, rugas e manchas). Já a radiação UVB é mais intensa no verão e entre 10h e 16h. Na pele ela causa queimaduras e vermelhidão.

Daniel: Em uma situação de céu claro, quanto mais “alto” o Sol estiver no céu, maiores os níveis de R-UV. Isto é, quanto mais distante o Sol está do horizonte, menor o caminho óptico que a radiação tem de atravessar na atmosfera. Nessas condições, a R-UV sofre menos interações com gases e particulados e, consequentemente, é menos atenuada. Portanto, em horários próximos ao meio-dia solar, a R-UV atinge seus valores mais elevados durante o dia.

O mesmo raciocínio pode ser utilizado para avaliar a variação dos fluxos de R-UV em relação à estação do ano. No verão, o Sol atinge posições mais elevadas em relação ao horizonte do que no inverno e, portanto, os fluxos de R-UV são mais intensos. As diferenças entre as estações do ano são mais relevantes quanto maior for a latitude. Isto é, nos trópicos há pouca diferença entre a posição do Sol no verão e no inverno, enquanto em latitudes mais elevadas essa diferença é bastante significativa.

A R-UV é ionizante, por isso, tem potencial cancerígeno, pelo dano ao DND das células de pele. A radiação UVA tem comprimento de onda mais longo, logo, atinge camadas mais profundas, degenerando o colágeno e fibras elásticas da derme. A radiação UVB é mais curta, atingindo principalmente a epiderme, causa queimadura.

Quais são as consequências das luzes artificiais sobre a pele, já que passamos mais tempo sob elas durante o frio?

Paola: As luzes artificiais, dentro de ambientes fechados, também são prejudiciais à pele, podendo causar manchas e fotoenvelhecimento da pele. A luz visível de telas de computadores, celulares e tablets, por exemplo, pode produzir radicais livres na nossa pele, que causam o envelhecimento dessa pele de maneira precoce.

Para se ter uma ideia, 67% dos radicais livres da nossa pele são causados pelo sol e 33% pela luz artificial. Existe um estudo divulgado pelo FDA , órgão americano, que mostrou que 8 horas de exposição à luz artificial corresponde a 1 minuto e 20 segundos de exposição ao sol em um dia ensolarado de verão. Pode paracer pouco, mas a longo prazo, as consequências serão visíveis.

Quem tem melasma e faz tratamento deve prestar atenção dobrada a proteção contra a luz artificial! Lembrando que para se proteger da luz artificial o protetor solar deve ter cor de base, precisa da barreira física protetora para se proteger da luz artificial.

No frio, quantas vezes é necessário reaplicar o protetor solar? Qual é o FPS mais indicado?

Paola: No frio, assim como em qualquer época do ano, o protetor solar deve ser aplicado em áreas expostas cerca de 30 minutos antes da exposição e ser reaplicado a cada 3 horas. É relativamente comum, as pessoas ficarem vermelhas por queimaduras solares em dias nublados. Na verdade, foi a ação da radiação ultravioleta na pele sem nenhuma proteção.

Daniel: Como a quantidade ideal aplicada de filtro é raramente respeitada, preferimos indicar um FPS>50 para ser aplicado de manhã e reaplicado durante o dia. A fotoproteção não é diretamente proporcional ao FPS, isto é, um filtro com FPS:30 não protege a metade de um FPS:60.

As versões com cor são mais indicadas nessa temporada? Por quê?

Paola: Se considerarmos que no inverno ficamos mais tempo em ambientes fechados, com bastante luz artificial, sim, os protetores solares com cor de base são os mais indicados. Isso porque a “cor de base” do protetor significa que ele apresenta proteção física, que funciona como uma “barreira física” para que a luz artificial não prejudique a pele exposta.

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