Russia quer 20% do território ucraniano para aceitar o cessar-fogo

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G1

Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky – Foto: EFE/EPA/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE HANDOUT

Num momento em que Rússia e Ucrânia realizam conversas com o presidente dos EUA, Donald Trump, lideranças mundiais começam a especular sobre um acordo que coloque um ponto final na guerra que já dura três anos e meio na Europa Oriental.

Nesta quarta-feira (13), Trump realizou uma videoconferência com o ucraniano Volodymyr Zelensky e seus aliados europeus.

A conversa ocorre dias antes da reunião presencial entre o republicano e Vladimir Putin, que ocorre nesta sexta-feira (15) no Alasca.

Os termos de um acordo de paz, no entanto, estão longe de um consenso – e um dos principais pontos de divergência é a questão territorial.

Na última segunda-feira, Trump afirmou que Kiev e Moscou terão que ceder territórios para encerrar a guerra.

Zelensky diz não aceitar a cessão de nenhum território da Ucrânia, defendendo a validade das linhas respeitadas entre 1991 e 2014, entre a dissolução da União Soviética e a anexação da península da Crimeia em 2014.

Moscou, por sua vez, reivindica sua soberania não apenas sobre a Crimeia, como sobre outros territórios que, juntos, compõem 20% do território ucraniano.

Veja, a seguir, quais são os territórios exigidos pelo Kremlin:

Crimeia

Sob controle russo desde o século 18, a península da Crimeia teve diversos status governamentais durante o período em que fez parte da União Soviética, a partir de 1921.

O território tem uma importância estratégica no acesso ao Mar Negro e, de lá, para o Mediterrâneo.

Em 1954, o então líder soviético Nikita Khrushchov, ele próprio nascido em um vilarejo próximo à Ucrânia, aprovou a transferência da Crimeia para a República Socialista Soviética da Ucrânia. A decisão teve uma motivação em boa parte simbólica, em um momento no qual a dissolução da URSS não estava no horizonte.

No início dos anos 1990, porém, a questão da península voltou à tona. Em um primeiro momento, ela declarou independência como região autônoma, para então ser absorvida ao território ucraniano e ter sua própria constituição abolida em 1995.

Moscou chegou a reivindicar o território, mas assinou um tratado com Kiev reconhecendo a soberania do país vizinho em 1997.

No início de 2014, porém, em meio aos protestos contra o presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia, forças militares de Moscou ocuparam a Crimeia.

Os habitantes do território votaram pela independência da Ucrânia e anexação à Rússia no mesmo ano. No entanto, nem Kiev, nem a comunidade internacional reconhecem a validade do referendo. Por isso, a Ucrânia reivindica a devolução da península.

Zaporizhzhia

A região ucraniana fica localizada entre a Crimeia, ao sul, anexada pela Rússia em 2014, e o Donbas, ao norte, sob influência de forças separatistas pró-Moscou também desde 2014.

Zaporizhzhia foi invadida por forças militares russas em 2022, que chegaram até a cidade de Enerhodar. Lá se localiza o principal alvo estratégico do território, a Usina Nuclear de Zaporizhzhia.

Construída entre 1980 e 1996, entre o período soviético e a independência ucraniana, ela é a maior usina nuclear da Europa e uma das 10 maiores do mundo. Desde a tomada de controle por Moscou, ela se encontra praticamente desativada, ocasionando faltas de energia constantes no território ucraniano.

Donbas (Donetsk e Luhansk)

As regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk compõem uma região conhecida como Donbas, uma abreviação de “bacia do rio Donets”. A região vive tensões entre a população ucraniana e a russa locais que remontam às Guerras Mundiais.

Rica em carvão, a região também desenvolveu um parque industrial estratégico para Kiev.

No início de 2014, após a deposição de Yanukovich e a anexação da Crimeia pela Rússia, grupos paramilitares pró-Rússia e separatistas tomaram cidades importantes em Donetsk e Luhansk. Eles declararam a criação da República Popular de Donetsk (RPD) e da República Popular de Luhansk (RPL) como estados separatistas.

O governo ucraniano lançou uma operação militar para retomar o controle, mas enfrentou forte resistência: a Rússia apoiou os separatistas de forma velada com armas e apoio logístico, mas negou envolvimento direto inicialmente.

Nenhum dos estados separatistas obteve reconhecimento internacional. Só em 2022 Moscou reconheceu ambas como entidades soberanas, pouco antes de lançar a ofensiva contra o território ucraniano.

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