O governo russo disse à ONU nesta segunda-feira, 7, que a Ucrânia impede a evacuação de sua população para o território russo para que não "revelem a verdade das ações dos radicais".
Os “radicais” são os grupos nazistas que assumiram o controle da Ucrânia a partir do golpe de Estado de 2014. O golpe foi organizado pelos Estados Unidos, que promoveram grupos nazistas que, durante anos, promoveram massacres contra a população de etnia russa no Donbass, deixando mais de 10 mil mortos.
O representante russo na ONU, Vasili Nebenzia, durante uma sessão do Conselho de Segurança da entidade, disse que “o regime de Kiev, por todos os métodos disponíveis impede a saída de civis e estrangeiros que querem ir para a Rússia, porque temem que as pessoas, uma vez livres, revelem a verdade sobre as ações dos radicais ucranianos”.
Desde que os russos iniciaram uma operação militar na Ucrânia, os grupos nacionalistas ucranianos, de extrema direita, têm impedido a população de evacuar os locais que controlam. O presidente russo Vladimir Putin denunciou que Kiev usa a população como “escudo humano”, buscando promover um banho de sangue para culpar a Rússia.
Até o momento, os russos têm feito uma operação extremamente minuciosa, com poucas mortes de civis. Em acordo com o governo da Ucrânia, os russos organizaram corredores humanitários para evacuação de civis. No entanto, em algumas grandes cidades, civis estão sendo reprimidos para não irem embora. “Ameaças, intimidação, chantagem, violência física e uso de armas”, denunciou Nebenzia.
Segundo o representante russo na ONU, as autoridades ucranianas “ignoram o fato da presença de refugiados ucranianos nas regiões russas”, que somam mais de 168 mil pessoas.
Civis usados como escudo humano
O prefeito da cidade de Sumy, Alexander Lysenko, por exemplo, garantiu na segunda-feira que “nenhum civil deixará a Rússia e aqueles que tentarem serão fuzilados”.
Em 6 de março, os nacionalistas ucranianos usaram civis como escudo humano e atacaram soldados da República Popular de Donetsk (RPD) em Mariupol, segundo o Ministério da Defesa da Federação Russa. Nessa ação, pelo menos 4 civis foram mortos e outros 5 ficaram feridos.
“Ontem, por volta das 17h, horário de Moscou, na avenida Pobedy, na cidade de Mariupol, os militares da RPD entraram em confronto com unidades de nacionalistas armados ucranianos. Os militantes ucranianos levaram mais de 150 civis à sua frente, escondendo-se atrás deles, usando-os como escudo humano. Quando viram os soldados da Milícia Popular da RPD, os nacionalistas ucranianos abriram fogo contra eles pelas costas dos civis. Como resultado do tiroteio pelos nazistas ucranianos, 4 civis foram mortos e outros 5 ficaram feridos. Os civis libertados foram levados pelos combatentes da RPD através do distrito de Vinogradnoye de Mariupol até o território controlado. Todos receberam assistência médica”, disse a Defesa russa.
Em alguns corredores humanitários, a evacuação foi interrompida. Milicianos do Batalhão Azov, grupo nazista incorporado no exército ucraniano, atacaram no corredor humanitário da rodovia M23, quando civis saíam de Mariupol em direção a Novoazovsk. As estradas foram bloqueadas com pedras e galhos para que os civis não pudessem sair da cidade e a população civil, assustada, não pode se contrapor aos milicianos.
Segundo o South Front, as forças armadas ucranianas têm buscado impedir os civis de evacuarem em direção à Rússia. Os militares intencionalmente não informam os civis sobre os corredores humanitários que levam ao território russo e é conivente com os ataques nazistas aos civis que tentam evacuar. Da mesma forma, ao contrário dos russos, o lado ucraniano não cumpriu nenhuma condição para a criação de corredores humanitários.
Segundo o governo russo, até agora, dia 7 de março, foi possível libertar apenas cerca de 500 pessoas da cidade de Mariupol, ocupada pelos nazistas.
Gravações divulgadas pelos combatentes da República Popular de Donetsk, mostram uma conversa de membros do Pravyi sektor (Setor Direito) na cidade de Volnovakha em 5 de março, confirmando os nazistas atiraram em civis que tentavam usar o corredor humanitário para deixar a cidade devastada pela guerra.
“Os civis querem se foder, eles pegam suas malas e fogem! O que deveríamos fazer?!”, pergunta um. “Pare-os, porra! Devolva-os para suas casas, deixe-os sentar lá, foda-se!”, responde o outro. “Para o inferno com eles? Deixá-los se foder?”, pergunta o primeiro. “Que porra? Você vai pegar artilharia com seu cu?! Enquanto eles estiverem aqui, eles não vão nos foder. Se eles foderem com a gente – então atire em seus braços e pernas”, responde o segundo.
Segundo o Ministério da Defesa russo, em Mariupol, as milícias de extrema direita têm usado estruturas civis, como escolas e bairros residenciais, para combater os russos, usando a população como escudo humano. O objetivo é culpar a Rússia de assassinato brutal de crianças e civis inocentes.
Ao mesmo tempo, autoridades ucranianas estão sendo acusadas de violar direitos de prisioneiros de guerra pela Anistia Internacional.