Ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB) reforçou o coro contra a alta taxa de juros mantida pelo Banco Central, de 13,75% ao ano. Segundo França, uma pequena redução na taxa injetaria R$ 60 bilhões na economia, gerando mais empregos e mais renda.
Ao jornal O Globo, o ministro também falou em "punição" ao Banco Central. "A medida que a pessoa se dispõe a estar num mandato que é independente, tem que saber que também está sujeito a críticas. Do nosso ponto de vista, os acertos econômicos são tão densos que fica um pouco difícil defender uma posição tão radical de manutenção do juro alto. Cada vez que você reduz 1% do juro, você coloca R$ 60 bilhões a mais em possibilidades de gasto para o governo. Isso significa mais obra, mais emprego. E se eles (integrantes do Copom) estiverem errados? Porque quando a gente erra, não se elege. Quando eles erram, qual é a punição?".
Perguntado sobre a força do governo Lula (PT) no Congresso Nacional, o ministro garantiu que o Palácio do Planalto tem sim base no Legislativo. Ele lembrou do apoio do governo Lula à reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que "vai nos ajudar bastante". "O governo tem base, mas não é mais aquele antigo formato de base, numérico. Os partidos não têm mais aquela configuração. O (Arthur) Lira teve o nosso apoio, tem uma ascensão importante. Não vejo dificuldade. Ele é cumpridor de palavra. Esse é um mérito muito importante. Acho que ele vai nos ajudar bastante. Também não sinto muita resistência no Senado. O Lula é tão jeitoso na política que é difícil imagina-lo sem vencer um episódio no Congresso".
Em relação à fala de Lula sobre ministros anunciando "genialidades" sem combinação prévia no governo, França reconheceu ter sido um dos alvos da reprimenda pública do presidente. "Podia não ser para mim, mas encaixaria perfeitamente. Foi como aconteceu. Na reunião com os ministros, cada um tinha que falar o que fez e o que pretende fazer. Deixei por último esse assunto (Voa, Brasil), porque não tratava de investimentos públicos. Era uma sugestão das companhias aéreas para desmistificarem os conceitos de que elas só têm preços caros. (…) Alguém disse que isso não era possível. Ao final, o Lula falou: 'Vamos ver na Casa Civil". No dia seguinte, eu tinha uma entrevista e o repórter veio coma informação da reunião. Perguntou e publicou. (…) Eu fui falar com o Rui Costa (ministro da Casa Civil) pessoalmente. Ficou uma dúvida sobre o subsídio, que era a grande preocupação dele. Não é verba pública, somos apenas os indutores. Ele falou que compreendeu. Não teve bronca, foi cada um cumprindo a sua função. A mensagem do presidente é para todo mundo. O Rui está fazendo o papel dele, e eu estou fazendo o meu".