Presidente russo afirmou que a Ucrânia impede negociações sérias
O presidente russo Vladimir Putin declarou nesta sexta-feira que ele e Donald Trump deveriam se reunir para discutir a guerra na Ucrânia e os preços da energia, temas que o presidente dos Estados Unidos destacou nos primeiros cinco dias de sua nova administração.
Putin afirmou, no entanto, que não poderia haver negociações de paz sérias com a Ucrânia a menos que o Ocidente pressionasse o presidente Volodymyr Zelensky a revogar um decreto de 2022 que o impede de negociar com o líder russo.
Putin descreveu Trump, que esta semana ameaçou impor novas sanções e tarifas à Rússia caso ela não negocie o fim da guerra, como inteligente e pragmático. Ele disse não esperar que o presidente norte-americano tome decisões sobre sanções que tenham efeitos negativos na economia dos EUA.
“Portanto, muito provavelmente, seria melhor nos encontrarmos, com base nas realidades de hoje, para discutir calmamente todas essas áreas de interesse tanto para os Estados Unidos quanto para a Rússia. Estamos prontos”, afirmou, acrescentando que isso dependeria das escolhas do lado norte-americano.
Foi o sinal mais forte até agora do Kremlin de que há interesse em uma cúpula antecipada com Trump, após três anos sem contatos de alto nível com líderes ocidentais devido à guerra na Ucrânia.
Trump, que foi empossado para um segundo mandato não consecutivo na segunda-feira, também afirmou que quer se encontrar com Putin e que busca um fim rápido para o conflito. Ele classificou a guerra como “ridícula” e disse que está “destruindo” a economia da Rússia.
Putin declarou que sempre teve uma relação “pragmática e de confiança” com Trump. Também manifestou apoio à alegação infundada de Trump de que ele, e não Joe Biden, foi o verdadeiro vencedor da eleição de 2020.
“Não posso deixar de concordar com ele que, se ele fosse presidente, se sua vitória não tivesse sido roubada em 2020, talvez não houvesse a crise na Ucrânia que surgiu em 2022”, disse o líder do Kremlin. Em fevereiro daquele ano, Putin lançou o que chamou de “operação militar especial” na Ucrânia.
Ele destacou os comentários de Trump de que estaria disposto a trabalhar em conjunto, afirmando: “Estamos sempre abertos a isso”.
IMPASSE COM A UCRÂNIA – No entanto, o líder russo afirmou que um impasse com a Ucrânia está no decreto de Zelensky, aprovado em 2022, que proíbe negociações com Putin após a Rússia declarar a anexação de quatro regiões ucranianas parcialmente controladas por suas forças.
Putin afirmou que isso significa que, neste momento, só poderiam ser traçados “esboços preliminares” de uma negociação, não diálogos sérios. Qualquer negociação agora não seria legítima, disse ele, e, portanto, os resultados de qualquer acordo também poderiam ser contestados legalmente.
Ele destacou que os países ocidentais, que fornecem “centenas de bilhões” em financiamento para Zelensky, deveriam forçar o líder ucraniano a revogar o decreto.
“Acredito que, no final, aqueles que pagam a conta deveriam obrigá-lo a fazer isso. E acho que ele terá que fazer. Mas, até que esse decreto seja cancelado, é bastante difícil falar sobre a possibilidade de iniciar essas negociações – e, principalmente, concluí-las da maneira necessária.”
Putin acrescentou que há muito a ser discutido com a administração Trump, incluindo controle de armas e energia, dado que ambos os países são grandes produtores e consumidores de petróleo.
Isso significa que preços de petróleo excessivamente altos ou baixos são prejudiciais para ambos os países, afirmou. Trump declarou nesta semana que está pressionando a OPEP para reduzir os preços do petróleo.
“Há algo para discutirmos aqui”, disse Putin.
