Equipe da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) retoma, em setembro, a pesquisa sobre uma espécie rara de jararaca encontrada somente na Ilha dos Franceses, a 4 km da praia de Itaoca, em Itapemirim. Nessa fase, os pesquisadores vão inserir microchips em todos os animais encontrados para um melhor acompanhamento dos hábitos da espécie ao longo dos anos.
A pesquisa começou a ser realizada em 2019, pouco antes da pandemia de Covid-19, um ano depois, mas foi logo suspensa. A nova espécie do gênero Bothrops foi descrita, por meio de um estudo cientifico inicial, até então inédito, realizado em 2016, que envolveu pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Federal do Espirito Santo (Ufes), Federal de São Paulo (Unifesp) e ICMBio.
Os pesquisadores da Uerj estão preparando novas expedições à Ilha para realizar o trabalho de marcação individual das serpentes com microchips a fim de facilitar o acompanhamento das condições do animal ao longo dos anos. Na ocasião, também vão aproveitar para coletar mais dados sobre as condições da ilha, características do animal, abundância e distribuição da espécie no local.
A nova espécie com características próprias do local, que as diferem de serpentes encontradas em outras regiões insulares, foi considerada como criticamente ameaçada de extinção.
Na etapa final dos estudos, os pesquisadores destacaram a importância do trabalho de conscientização da população como forma de disseminação do conhecimento. Entre as ações estão o trabalho de educação ambiental nas escolas e o turismo na ilha.
“Pretendemos desenvolver um trabalho forte de contato com as pessoas. Isso porque é importante despertar esse pertencimento e orgulho de terem uma espécie que só existe no município”, destacou a coordenadora da pesquisa, professora dra. Jane C. F. de Oliveira, do laboratório de zoologia de vertebrados da Uerj.
A Prefeitura de Itapemirim está apoiando a realização da pesquisa científica. “Os resultados dos estudos vão nos ajudar na formulação de políticas públicas de preservação da espécie endêmica da ilha, do local e para realização de ações de educação ambiental, além de servir para organizar e disciplinar o turismo na região costeira”, enfatizou o prefeito Thiago Lopes.
O projeto está sendo desenvolvido por pesquisadores da Uerj com o apoio financeiro da "Save The Snakes", Organização Não Governamental (ONG) americana de conservação de serpentes.