A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul investiga as circunstâncias da morte e esquartejamento do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19. Partes do corpo do jovem foram encontradas no rio Iguatemi, em Sete Quedas (a 468 km de Campo Grande), seis dias após a família informar sobre o desaparecimento. O reconhecimento preliminar foi possível por causa de tatuagem no antebraço direito.
Em nota, a Polícia Civil informou que um suspeito foi preso, mas ainda não foi divulgada qual seria a participação dele. A investigação continua em busca de outros envolvidos no crime.
Segundo informações da Polícia Civil, o boletim de ocorrência sobre desaparecimento foi registrado na segunda-feira (26). Prima do jogador, Andressa Skulny disse que o rapaz havia saído no sábado à noite para ir à uma festa em Pindoty Porá, cidade paraguaia na região de fronteira, distante cerca de 7 km de Sete Quedas.
A prima conta que o último contato foi com a avó, Venilda Gonçalves Skulny, já na madrugada de domingo. Por volta das 3h, a idosa ligou e pediu que ele voltasse para casa, pois estava preocupada. O rapaz respondeu que "estava de boa" e logo iria embora. Meia hora depois, nova ligação e a mesma resposta. A família não teve mais notícias do jogador desde então.
Em nota, a Polícia Civil informou que os levantamentos preliminares na segunda-feira já indicavam que poderia se tratar de crime de homicídio. Foi solicitado apoio da Defron (Delegacia de Repressão aos Crimes de Fronteira).
Sem dar detalhes, a polícia informou que testemunha colaborou para que partes do corpo fossem encontradas no rio Iguatemi, perto de um sítio.
Cinco mergulhadores do Corpo de Bombeiros de Amambai foram acionados, e partes do cadáver foram encontradas. Uma delas foi o antebraço direito, tatuado com uma homenagem ao pai do jogador, que morreu em acidente de carro em setembro de 2021.
Nesta segunda-feira (3), mais dois mergulhadores do Corpo de Bombeiros foram enviados até o rio Iguatemi para auxiliar nas buscas do resto do corpo do jogador. Ontem, foram encontradas uma das pernas e uma parte cabeça do jovem. As buscas prosseguem nesta terça-feira. A Polícia Civil informou que foram feitas apreensões de alguns objetos que serão periciados.
Delegada de Sete Quedas, Lucelia Constantino confirmou a identificação preliminar pela tatuagem, mas pediu que o irmão do jogador fosse até Amambai para coleta de amostras de DNA para identificação oficial do corpo.
Andressa Skulny contou que a família estranhou o sumiço desde o começo. O jogador não tinha o hábito de dormir fora ou demorar sem avisar a avó. Naquele dia, mesmo chegando tarde, não deixaria de voltar para casa, já que tinha jogo no dia seguinte. "Ele jamais faltaria ainda mais que seria o capitão", disse.
SONHO DE JOGADOR
Desde pequeno o rapaz tinha sonho de tornar-se jogador de futebol profissional, como atacante, a exemplo do ídolo, Neymar. Andressa conta que, em 2021, aos 17 anos, Hugo mudou-se para Anastácio, a 527 quilômetros de Sete Quedas, para jogar pelo Seduc-MS, principal time de base de Mato Grosso do Sul.
O presidente do Seduc-MS, Wilson de Araújo Santana, conta que Hugo participou de três competições pelo time na categoria sub-17 e campeão na Copa Itu de Futebol Menores, em São Paulo.
No dia 20 de setembro de 2021 o pai do jogador morreu em acidente de carro, e o jogador voltou para casa, por dez dias. Quando retornou, Wilson disse que o adolescente não parecia ter o mesmo foco, abalado pela perda.
A família resolveu que era hora dele voltar para casa, onde morava desde pequeno com a avó e o irmão. Hugo passou a jogar no Projetinho no Intervilas, campeonato dos bairros da cidade e ainda fazia testes, em busca do sonho de ser atacante de renome. Hugo Skulny estava no 1º ano da faculdade a distância de Educação Física.
Durante os dias de incerteza, a família postou vários pedidos de ajuda para encontrar o jogador. Um deles foi compartilhado pela cantora Ana Castela, nascida em Amambai e criada em Sete Quedas.
Andressa disse que recebeu a informação que, na madrugada do desaparecimento, o primo pediu carona a um amigo para ir até a casa de uma ex-namorada.
Andressa diz que a avó, de 72 anos, soube que o rapaz foi morto, mas a família a poupou dos detalhes. Ainda não se sabe quando os restos mortais serão liberados para sepultamento, mas ela diz que a intenção é fazer um cortejo até o cemitério pedindo por justiça.