O papa Francisco desembarcou nesta terça-feira (31) na República Democrática do Congo, país de cerca de 100 milhões de habitantes no coração da África, para um pequeno giro pelo continente, onde também passará pelo Sudão do Sul.
A visita estava inicialmente prevista para o último mês de julho, mas teve de ser adiada devido às dores no joelho do líder da Igreja Católica, que tem usado uma cadeira de rodas para se locomover, e também à intensificação da violência em Goma, cidade no nordeste congolês.
Trata-se da 40º viagem internacional de Francisco, o primeiro papa latino-americano da história, e também a primeira visita de um pontífice ao país desde a ida de João Paulo 2º em 1985, época em que o país, hoje conhecido como RDC, ainda se chamava Zaire.
Calcula-se que metade da população local seja católica, mas Francisco visita o país em um momento de proliferação do segmento evangélico. À agência AFP o sociólogo Gauthier Muzenge Mwanza, da Universidade de Kishida, na capital, disse que o setor se expande, em parte, devido à crônica crise social e política que assola a RDC.
O declínio do catolicismo teve início no regime de Mobutu Sese Seko, que comandou o país da década de 1960 até 1997. O ditador apoiou a entrada de pastores evangélicos como parte de um plano para enfraquecer a Igreja Católica, que à época denunciava violações de seu regime.
A ida de Francisco também se insere em um momento de aumento dos episódios de violência no país, que assiste a guerras contínuas por disputas de minerais como coltan, usado em produtos eletrônicos, como aparelhos celulares.
Mais recentemente, o ressurgimento do grupo armado M23, que conquistou amplas faixas territoriais na fronteira com a Ruanda, tem escalado casos de violência. Há ainda a presença de grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI), que há duas semanas reivindicou o ataque a uma igreja pentecostal congolesa.
Francisco ficará em Kishida até a manhã da próxima sexta-feira (3), quando viaja para o Sudão do Sul. Ao desembarcar nesta terça, foi recepcionado pelo premiê Jean-Michel Sama Lukonde. O líder católico disse que estava ansioso pela viagem e lamentou não poder visitar Goma devido à guerra.