A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) divulgou, nesta quarta-feira (09), os detalhes da Operação Sicário II, que é resultado de meses de investigações realizadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por meio do Centro de Inteligência e Análise Telemática da PCES, e pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), com objetivo de combater o crime organizado no Estado.
A ação teve início em dezembro do ano passado e terminou no final de fevereiro deste ano, resultando na prisão de 35 indivíduos que fazem parte de uma organização criminosa em atuação no Espírito Santo, autodenominada de Irmãos Vera, que possui relação com uma facção do Estado do Rio de Janeiro.
Além das prisões, as equipes apreenderam 435 munições de diferentes calibres (inclusive fuzil), duas espingardas calibre 12, quatro pistolas, três veículos utilizados pelo tráfico, 18 radiocomunicadores, 192 pedras de crack, 347 pinos de cocaína, três tabletes e 107 buchas de maconha, 35 porções grande e 104 pinos de haxixe.
“A Sicário II praticamente desnuda uma organização criminosa que age em diversos bairros, inclusive no Morro do Macaco, e que tem uma forte ligação com uma organização do Rio de Janeiro. Foi uma segunda fase importantíssima que resultou em prisões altamente qualificadas, de líderes, visões da parte armada”, informou o Delegado-Geral da PCES, José Darcy Arruda.
A Operação
Em latim, "sicarius" se refere ao homem sanguinário, sedento de sangue e cruel. Dessa forma, "Sicário" faz referência aos tipos de crimes cometidos pelos procurados. A Operação Sicário tem como objetivo o combate ao crime organizado no Estado do Espírito Santo.
A operação contou com o trabalho operacional integrado entre as forças de segurança: Secretaria da Justiça (Sejus), Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), Poder Judiciário e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
As investigações indicaram que os três Irmãos Vera comandam o tráfico em diversas localidades do Estado, como os bairros Cruzamento, Itararé, Morro do Macaco e Conquista, no município de Vitória; Jardim Carapina e Nova Almeida, na Serra; e Conceição da Barra.
“Eles dividem as áreas de influência e depois de conquistar o tráfico de Itararé, começaram a se expandir, sempre com essa visão de comprar armas e nisso conseguiram crescer dominando outras bocas de fumo. A organização estava tentando dominar o tráfico de drogas do bairro Romão e, ao longo do ano passado, realizaram diversos ataques na região", relatou o titular do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Romualdo Gianordolli.
Durante a operação, houve redução no número de homicídios e nos ataques que geralmente ocorrem nas áreas que são controladas ou têm ramificação do grupo.
As investigações também indicaram que os membros da facção, além de estarem envolvidos em homicídios e no tráfico de drogas, também faziam cobranças de taxas para o provedor de Internet que estava trabalhando no bairro. Se o proprietário não pagasse, as portas teriam que ser fechadas.
Sicário I
A primeira fase da Operação Sicário resultou na prisão de 24 indivíduos e indiciamento de outros 19, que se encontram foragidos. Todos são integrantes da principal organização criminosa em atuação no Espírito Santo, conhecida como Primeiro Comando de Vitória (PCV).
Segundo as investigações da Polícia Civil, o Primeiro Comando de Vitória, que emergiu em 2010, tem sede na região do Território do Bem, constituído pela região do Bairro da Penha e bairros adjacentes. O perfil dos investigados também chama atenção. A maioria dos envolvidos têm entre 12 e 28 anos, são violentos, têm histórico de desestruturação familiar, são afastados do ambiente escolar e contam com acesso a elevado poder bélico.
A organização criminosa também tem um estatuto contendo as regras que devem ser seguidas pelos membros do PCV. Quando começou a ser confeccionado, no ano de 2010, eram cerca de de dez artigos. Atualmente, o estatuto do Primeiro Comando de Vitória conta com 33 artigos.