Equipes de bombeiros, policiais, militares e civis voluntários ajudam a resgatar e abrigar moradores em Porto Alegre. — Foto: JORGE LANSARIN/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualizou para 100 o número de mortos em razão dos temporais que atingem o estado. O boletim divulgado na manhã desta quarta-feira (8) ainda aponta que há outros 4 óbitos sendo investigados. O estado registra 128 desaparecidos e 372 feridos.
Há 230,4 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 66,7 mil em abrigos e 163,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos).
O RS tem 417 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,4 milhão de pessoas afetadas. Veja abaixo os impactos nos serviços, educação e transportes.
Vista aérea das ruas completamente alagadas no bairro Menino Deus, em Porto Alegre — Foto: MAX PEIXOTO/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO
A previsão de chuva para a partir da metade desta semana em áreas já castigadas por temporais volta a deixar o estado em alerta. Imagens feitas pelo satélite Amazônia 1, operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e obtidas com exclusividade pelo g1 mostram uma visão em escala do antes e depois da maior tragédia do Rio Grande do Sul.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), recomendou que moradores dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus deixem a região. O aviso foi feito na tarde desta segunda-feira (6), após a água começar a subir no local.
A Arena do Grêmio, em Porto Alegre, afirmou que não tem mais estrutura para acolher desabrigados. Além do gramado alagado, a administração afirma que está sem água e luz e, por isso, faz o translado de mais de 300 pessoas a abrigos municipais.
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Hospitais de campanha foram montados pelo governo federal para auxiliar pessoas feridas e desabrigadas. No momento, os municípios de Estrela, Canoas e São Leopoldo foram contemplados pelas estruturas.
Estradas
As polícias rodoviárias Federal e do RS somam 142 trechos de estradas bloqueados, parcial ou totalmente. São 53 pontos em rodovias federais e 89 pontos em rodovias estaduais.
Porto Alegre está sem conexões com o interior do estado pelas rodovias BR-290 (Sul, Centro e Fronteira Oeste do RS), BR-116 (Vale do Sinos e Serra), BR-448 (Vale do Sinos) e BR-386 (Região dos Vales e Norte). Os únicos acessos possíveis são pela rodovias ERS-040 e ERS-118.
O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) divulgou um mapa com cada trecho bloqueado.
A CCR ViaSul suspendeu a cobrança da tarifa em todas as praças de pedágio nas rodovias BR-101 (Três Cachoeiras), BR-290/Freeway (Santo Antônio da Patrulha e Gravataí) e BR-386 (Montenegro, Paverama, Fontoura Xavier e Victor Graeff). Ainda assim, é necessário parar para registrar a isenção.
Energia
O estado registra, pelo menos, 454,9 mil pontos sem luz. Na área de concessão da CEEE Equatorial, são 221,3 mil imóveis sem energia (12,3% do total de clientes). Já na região atendida pela RGE Sul, são 233,6 mil imóveis afetados (7,6% do total de clientes).
Água
A Corsan, que fornece água para 6,5 milhões de pessoas em 317 municípios, soma 606,7 mil imóveis sem abastecimento (21% do total de pontos).
Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) afirma que duas das seis estações de tratamento de água estão fora de operação. O órgão não informou estimativas de quantas pessoas são afetadas.
Telefonia e internet
A operadora Tim afirma que há 16 municípios sem serviços de telefonia e internet. A cobertura da Vivo está prejudicada em 35 cidades. Na Claro, são 6 municípios sem sinal.
As operadoras liberaram pacotes de internet grátis para clientes no Rio Grande do Sul para permitir que a comunicação seja mantida em meio aos temporais que atingem o estado.
Educação
O estado soma 855 escolas afetadas pelos temporais em 228 municípios, afetando 293,5 mil estudantes. Do total de colégios, 421 foram danificados pela chuva e pelas cheias e 68 servem de abrigos
Rede estadual
As aulas na rede estadual já foram retomadas nas seguintes regiões: Uruguaiana, Osório, Erechim, Rio Grande, Palmeira das Missões, Três Passos, São Luiz Gonzaga, São Borja, Ijuí, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Bagé, Santo Ângelo, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Santana do Livramento, Vacaria, Soledade e Carazinho.
Ainda não há previsão de retomada nas regiões: Porto Alegre, São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul, Canoas e Gravataí.
Alguns municípios da região de Pelotas e de Rio Grande não terão aulas na quarta (8) devido à situação dos dois municípios.
Rede municipal
Em Porto Alegre, as aulas estão suspensas até sexta-feira (10).
Rede privada
O sindicato que representa as escolas particulares recomenda que instituições da Região Metropolitana e de outras localidades afetadas pela chuva suspendam as aulas até sábado (11).
Universidades
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) suspenderam todas as atividades acadêmicas presenciais e não presenciais até 18 maio.
A Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e a UniRitter cancelaram as atividades acadêmicas presenciais até sexta-feira (10).
A Unisinos, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Universidade Católica de Pelotas (UCPel), a Feevale, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), a Universidade LaSalle e a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) decidiram por suspender as atividades acadêmicas até sábado (11).
Sala de aula em escola do RS — Foto: Reprodução/RBS TV
Aeroporto
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado por tempo indeterminado, com todas as operações suspensas. Imagens mostram alagamentos em áreas de espera, de circulação de passageiros e até de pouso de aviões.
Passageiros que já tinham viagens aéreas marcadas com origem ou destino em Porto Alegre podem solicitar compensação às companhias aéreas.
Avião de carga é visto em área alagada do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre — Foto: Diego Vara/Reuters
Situação de emergência
Enchentes no RS
O governo decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.
A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação.
Causas dos temporais
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.
A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.