Múmia mil anos mais velha do que se esperava pode mudar a história egípcia

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A múmia do nobre de alto escalão Khuwy, descoberta em 2019 (Foto: Ian Glatt/National Geographic /Windfall Films)

A múmia do nobre de alto escalão Khuwy, descoberta em 2019 (Foto: Ian Glatt/National Geographic /Windfall Films)

Descoberta no Egito em 2019, no sul da capital Cairo, a múmia de um oficial de alto escalão, chamado Khuwy, foi analisada por pesquisadores, que acreditam que ela seja mil anos mais antiga do que se pensava, informou o jornal britânico The Observer, no último dia 24 de outubro.

O achado, que data do período do Reino Antigo (2649 a 2130 a.C.), pode mudar o que se sabe sobre a história do Antigo Egito, já que antecede também em um milênio a data de quando se imaginava que técnicas sofisticadas de mumificação começaram a ser usadas. O corpo mumificado é prova de que tais métodos já preservavam os mortos de modo altamente avançado há mais de 4 mil anos.

Antes da descoberta, não se imaginava que alguns itens encontrados na múmia, como linho fino e resina de alta qualidade, já eram utilizados pelos egípcios naquela época. A confirmação do achado, portanto, pode mudar o que dizem os livros de história.

“Isso mudaria completamente nossa compreensão da evolução da mumificação. Os materiais usados, suas origens e as rotas comerciais associadas a eles terão um impacto dramático em nossa compreensão do Reino Antigo do Egito”, conta Salima Ikram, chefe de egiptologia da American University, no Cairo, ao Observer.

A tumba de Khuwy, escavada por arqueólogos em 2019, na necrópole de Saqqara, ao sul do Cairo, no Egito (Foto: Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito)

A tumba de Khuwy, escavada por arqueólogos em 2019, na necrópole de Saqqara, ao sul do Cairo, no Egito (Foto: Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito)

Até então, segundo Ikram, os estudiosos pensavam que a mumificação do Reino Antigo era relativamente simples – e nem sempre bem-sucedida. Ela era uma dessecação bem básica, sem remoção do cérebro, e com apenas a eventual retirada dos órgãos internos. Fora que a aparência exterior do morto parecia ser mais valorizada do que seu interior.

“Além disso, o uso de resinas é muito mais limitado nas múmias do Reino Antigo até agora registradas. Esta múmia, por outro lado, está repleta de resinas e tecidos e dá uma impressão completamente diferente de mumificação. Na verdade, é mais como múmias encontradas mil anos depois”, confirma a pesquisadora.

Pintura na parede da tumba de Khuwy, um alto funcionário do governo do faraó Djedkare Isesi  (Foto:  Ian Glatt / National Geographic / Windfall Films)

Pintura na parede da tumba de Khuwy, um alto funcionário do governo do faraó Djedkare Isesi (Foto: Ian Glatt / National Geographic / Windfall Films)

Os restos mumificados de Khuwy estavam dentro de uma tumba na necrópole de Saqqara. O recinto tem hieróglifos e pinturas de cores “notavelmente bem preservadas”, consideradas da realeza, segundo informou o Ministério de Turismo e Antiguidades do país, no Twitter. Os achados levantam dúvidas sobre a relação que o morto poderia ter tido com o faraó do período, Djedkare Isesi, que governou na 5ª Dinastia, entre os séculos 25 e 24 a.C.

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