Justiça dos EUA proíbe divulgação de relatório sobre supostos crimes de Trump

Por

Folhapress

O documento reúne informações sobre os processos em que o presidente eleito é acusado de guardar em sua propriedade na Flórida documentos estatais sigilosos

Em nova vitória de Donald Trump nos tribunais após a eleição à Casa Branca, uma juíza dos Estados Unidos impediu nesta terça-feira (7) a divulgação de um relatório produzido pelo procurador especial Jack Smith com o resultado de investigações em casos sensíveis ao líder republicano.

O documento reúne informações sobre os processos em que o presidente eleito é acusado de guardar em sua propriedade na Flórida documentos estatais sigilosos, após o seu primeiro mandato presidencial, e de tentar subverter o pleito de 2020, quando ele foi derrotado por Joe Biden, mas não reconheceu o resultado.

A juíza Aileen Cannon, que presidiu o caso sobre os documentos sigilosos, agora arquivado, determinou que o Departamento de Justiça não pode divulgar o relatório até que um tribunal federal analise os recursos apresentados por dois ex-co-réus de Trump no processo.

Fotos obtidas na investigação mostram caixas de papéis empilhadas até em um banheiro do resort Mar-a-Lago, de Trump, na Flórida. Além do ex-presidente, havia mais dois réus nesse caso: Walt Nauta, ajudante do republicano, e o português Carlos De Oliveira, gerente da propriedade.

Os advogados de Nauta e Oliveira apresentaram recurso à Justiça argumentando que a divulgação do relatório poderia interferir de forma indevida em seus casos que, diferentemente do de Trump, continuam em andamento.

Em outras etapas do processo, eles já foram acusados de tentar obstruir a investigação das autoridades. Nomeada por Trump, a juíza Aileen Cannon, contudo, decidiu acatar o recurso.

Os advogados de Trump, em paralelo, escreveram ao procurador-geral Merrick Garland também para pedir que ele não publicasse o relatório sob o argumento de que o documento poderia atrapalhar a transição presidencial. O presidente eleito celebrou a decisão em seu resort na Flórida.

“Era um caso falso contra um oponente político”, disse ele, que diz com frequência ser alvo de uma caça às bruxas e de ações politicamente motivadas para impedir sua volta ao poder. “Se eles não têm permissão para emitir o relatório, é assim que deve ser. É uma ótima notícia.”

Desde que venceu Kamala Harris em novembro, Trump acumula triunfos nos tribunais. Em novembro, dias após o pleito, o procurador especial Jack Smith solicitou o arquivamento do processo em que o líder republicano é acusado de guardar documentos sigilosos e de tentar subverter o pleito de 2020. Segundo ele, não faz parte da política interna do Departamento de Justiça processar um presidente no cargo -Trump toma posse no dia 20 de janeiro.

Na segunda (6), porém, a equipe de Trump não conseguiu adiar a sentença de Trump no caso criminal em que foi condenado por pagamentos feitos à atriz pornô Stormy Daniels

O juiz Juan Merchan afirmou nesta sexta (3) que irá anunciar a sentença no dia 10 de janeiro. Ele sinalizou, contudo, que o presidente eleito não será sentenciado à prisão.

Procurado pela agência de notícias Reuters, um porta-voz do escritório de Smith não quis comentar sobre a decisão judicial desta terça-feira.

Os regulamentos do Departamento de Justiça estabelecem que Smith deve apresentar um relatório final sobre os casos a Garland. O procurador-geral, por sua vez, já havia se comprometido a tornar públicos todos os relatórios dos conselheiros especiais durante seu mandato.

A juíza Aileen Cannon disse que a ordem para bloquear a publicação do relatório seria mantida até três dias após o um tribunal de apelações decidir sobre o pedido dos ex-co-réus de Trump.

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