EUA ampliam checagem em redes sociais e vão barrar visto para “antiamericanos”

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Imagem ilustrativa do logo do Departamento de Estado dos EUA 23/04/2025 REUTERS/Dado Ruvic (Foto: Reuters)

Pessoas que solicitam visto para morar ou trabalhar nos Estados Unidos passarão a ter suas redes sociais examinadas em busca de indícios de “antiamericanismo”. A medida foi anunciada na terça-feira (19) pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) e repercutida pela CNN Brasil, levantando preocupações entre advogados e defensores dos direitos dos imigrantes.

Segundo o USCIS, agentes poderão verificar se os solicitantes já tiveram “qualquer envolvimento em organizações antiamericanas ou terroristas” ou se há “evidências de atividade antissemita”. Essa política aprofunda as restrições impostas desde junho, quando a administração do presidente Donald Trump já havia introduzido a análise de redes sociais como parte do processo de triagem de imigrantes.

Vagos critérios e risco de excessos

A atualização não traz uma definição objetiva de “antiamericanismo”, mencionando apenas ideologias ligadas a organizações ou ações terroristas, incluindo as de cunho antissemita. Para embasar a nova diretriz, a agência citou trechos da Lei de Imigração e Nacionalidade (INA) de 1952, que historicamente proibiu a naturalização de membros de partidos comunistas e de quem defendesse a derrubada violenta do governo americano.

O caráter amplo da norma, no entanto, provocou imediata reação. Fóruns online passaram a discutir quais posicionamentos poderiam ser enquadrados como hostis. Em um debate no Reddit, um usuário questionou: “Ser contra o recente ataque ao Irã ou apoiar um cessar-fogo em Gaza é antiamericano ou antissemita?”. Outro levantou dúvidas sobre críticas ao presidente Donald Trump em redes sociais ou até mesmo sobre compartilhar sátiras envolvendo o governo em séries de TV.

Especialistas apontam arbitrariedade

Aaron Reichlin-Melnick, pesquisador sênior do Conselho de Imigração Americano, destacou no X (antigo Twitter) que o termo não possui precedentes legais. “Sua definição está inteiramente nas mãos da administração Trump”, escreveu. Para ele, a medida remete ao macarthismo, período dos anos 1950 marcado pela perseguição a supostos simpatizantes do comunismo nos EUA.

O advogado de imigração Steven Brown reforçou que os “valores americanos” nunca foram descritos na legislação como critério para entrada ou permanência no país. Já a professora de sociologia Jane Lilly Lopez, da Universidade Brigham Young, alertou em entrevista à Associated Press: “Significa que você terá que fazer muito mais trabalho para fornecer evidências de que atende aos nossos padrões. Isso é realmente preocupante”.

Restrição crescente a estudantes e imigrantes

A nova diretriz surge em meio a outras medidas de endurecimento migratório. Somente neste ano, o Departamento de Estado já revogou mais de 6 mil vistos de estudantes. Além disso, em junho, o órgão orientou embaixadas e consulados a avaliarem candidatos a vistos de estudo quanto a possíveis “atitudes hostis em relação a cidadãos, cultura, governo, instituições ou princípios fundamentais” dos EUA.

A justificativa do governo é clara. “Os benefícios da América não devem ser concedidos àqueles que desprezam o país e promovem ideologias antiamericanas”, diz o comunicado do USCIS. O texto afirma ainda que a administração está comprometida em implementar medidas rigorosas de verificação “na maior extensão possível”.

No entanto, críticos alertam que a subjetividade da expressão “antiamericanismo” pode abrir espaço para decisões pautadas por preconceitos, vieses políticos e arbitrariedades, tornando o processo de imigração ainda mais restritivo e incerto para milhares de candidatos em todo o mundo.

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