Cozinho na lenha há mais de um ano”, diz moradora do bairro Zumbi”

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Andressa Soterio, acostumada a promover ações como representante da Central Única das Favelas (Cufa) em Cachoeiro, diz que ainda se surpreende com o grau de vulnerabilidade das pessoas que a instituição busca atender.

Segundo ela, há sempre um pré-cadastro para identificar os que estão em situação mais crítica, já que existem muitas pessoas passando dificuldade no município, fato que se repete país afora.

Andressa conta que um dos que mais chamou a sua atenção e entristeceu na ação de sábado, quando 150 famílias foram atendidas com a recarga da botija de gás, foi um senhor que havia sido cadastrado, não tinha gás, mas perguntou se podia receber comida, já que faltava tudo em casa.

Andressa conta que a família tem três filhos especiais e o pai um machucado na perna. A mulher cuida dos quatro e a única renda é a recebido por um dos filhos e pelo marido, que não são suficientes para o sustento da família. Eles cozinham na lenha quando há o que por na panela. A fumaça incomoda alguns vizinhos, mas não havia outra forma de cozinhar.

É o senhor Nino Machado Fernandes, 70 anos, cujo machucado já dura 52 anos, mesmo após longo tratamentos e até enxerto.

O homem diz que quando soube da ação da Cufa não acreditou. “Parecia mentira. A última coisa que ganhei foi uma cesta básica de uma funerária no natal que tinha até leite. E agora ganhei esse gás. Eu realmente não acreditei. Pensei que ninguém dá nada ou se importa com a gente”, enfatiza.

‘”Aqui em casas os filhos bebem leite uma vez por ano e olhe lá, Depende de alguém doar. Eles não trabalham porque não têm cabeça para isso. Eles não entendem o que a gente fala. As coisas estão muito caras. Um deles toma muito remédio. Então antes do fim do mês não tem mais nada para comer”, relata.

Andressa Soterio conta que ficou muito sensibilizada, especialmente com esse caso, e que a Cufa se mobilizou e arrecadou com os parceiros a cesta básica e doou o gás da parceria com a Petrobras.

“Levamos também cobertores, material de limpeza e higiene e calçados. A carência e a fome são de cortar o coração”, relata.

Dona Rosilda da Silva Vieira, de 50 anos, foi beneficiada com a recarga da botija e fala da importância dessa doação para a sua família.

Em sua casa são dez pessoas, entre elas um neto pequeno, e não dá para comprar o gás e a comida, então as compras de alimentos são priorizadas, segundo ela.

“Estou há mais de um ano cozinhando na lenha. Esse gás que nós ganhamos vai ajudar bastante. Meu marido faz biscate e meu filho trabalha de ajudante de pedreiro. Tudo é muito difícil para nós”, conta a moradora do bairro Zumbi, em Cachoeiro.

Andressa diz que a a ação da recarga das botijas é feita em parceria com a Petrobras. Se repetirá por cinco vezes, com intervalo de 50 dias.

“Tudo é cadastrado e há um controle e critérios para que as famílias mais vulneráveis sejam contempladas”, frisa a representante da Cufa.

Ela informa que a Cufa faz campanha de material de higiene pessoal, inclusive com absorventes, de agasalhos, tênis e outras roupas, sempre para apoiar à comunidade. “A família do seu Nino vai ser acompanhada mais de perto por nossa equipe”.

Quem quiser colaborar pode acionar o perfil da @cufacachoeiroes no Instagram e mandar uma mensagem. Todos os doadores recebem a prestação de contas.

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