CGU aponta manipulação política em compra de maquinários pela Codevasf

Por

Fachada da Controladoria-Geral da União (CGU)

Duas auditorias preventivas feitas pela Controladoria-Geral da União (CGU) identificaram "manipulação política" na entrega de retroescavadeiras e tratores que estavam sendo adquiridos em duas licitações da 3ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em Petrolina (PE). As auditorias, referentes a licitações do segundo semestre de 2021, são dos dias 1º e 5 de julho e foram divulgadas no último dia 12.

A primeira licitação é relativa à compra de 175 retroescavadeiras, no valor total de R$ 62,1 milhões. Conforme análise da CGU, houve falha no planejamento do processo licitatório, em especial "com ausência de um estudo técnico preliminar efetivo, capaz de evidenciar, de forma clara e objetiva, a necessidade e a viabilidade da melhor solução encontrada para mitigar a problemática das regiões atingidas pela seca no estado".

A controladoria também observou falta de conformidade no cálculo do valor estimado do maquinário. Conforme o órgão, a Codevasf, empresa pública vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), excluiu diversos registros de preço de aquisição de objetos similares, o que resultou em um aumento de mais de 25% da estimativa do valor unitário das máquinas.

"A Codevasf optou por excluir cerca de 25 registros de preços consolidados no painel, o que majorou significativamente o valor unitário estimado para o processo de aquisição de retroescavadeiras", argumentou.

A CGU estimou que uma análise correta dos preços poderia gerar uma economia de R$ 8 milhões a R$ 12,6 milhões no pregão. O órgão recomendou a elaboração de um estudo técnico e transparente para apresentar a justificativa da contratação e a melhor solução possível.

A auditoria revela que o estudo técnico preliminar da Codevasf apresentado no processo não descreve de forma objetiva como se chegou à solução proposta de compra de 175 retroescavadeiras a serem doadas a comunidades atingidas pela seca, tampouco informa como seria a distribuição do maquinário.

"Não foram apresentados de forma objetiva e transparente a demanda reprimida, entidades, municípios e regiões a serem contemplados, plano de distribuição das retroescavadeiras, a origem da demanda de compras, registros de audiências públicas ou levantamentos técnicos que apontassem a compra de 175 retroescavadeiras como a melhor solução para as famílias carentes do sertão pernambucano que dependem da agricultura familiar", frisou.

O entendimento foi o mesmo na auditoria preventiva de processo licitatório para compra de 325 tratores agrícolas, no valor de R$ 61,7 milhões, também no segundo semestre do ano passado. Em ambas as licitações, a Codevasf informou que os recursos investidos são do governo federal, via destaque orçamentário do MDR e via emendas parlamentares.

"Justificativa genérica"

No caso da compra de tratores, a CGU também mostra que o estudo técnico apresentado "não descreve objetivamente como se chegou à solução proposta (de doação de 325 tratores agrícolas a comunidades e municípios atingidos pela seca) e como seriam utilizados esses tratores de forma a impactar positivamente a realidade das famílias que dependem da agricultura familiar".

A controladoria frisa que não ficou descrita a origem da demanda e se essa é a solução mais adequada, mas que consta apenas uma "justificativa genérica". Conforme o órgão, "apesar de deixar clara a existência de uma demanda decorrente de emendas parlamentares", a Codevasf não informa sequer quais são as comunidades e municípios beneficiados.

Além disso, a CGU diz ter constatado falta de conformidade da metodologia para calcular o valor estimado do objeto em questão, o que gerou uma superestimativa de preço de mais de R$ 11,8 milhões. Nas duas licitações, a auditoria ainda identificou ausência de tentativa por parte da Codevasf de obter "cotação de preço junto ao fabricante e a um número amplo de fornecedores".

"Essa ausência de esforços e procedimentos administrativos, que seriam compatíveis com uma aquisição desse valor, demonstra falta de cautela e de observação aos princípios da eficiência, da economicidade e da probidade administrativa", afirma.

Todos os problemas apontados, segundo a controladoria, geram uma série de riscos, entre eles de "superdimensionamento do quantitativo e da potência das máquinas", de "ineficácia da solução apresentada", de superfaturamento e de "desvio de finalidade decorrente da manipulação política na entrega do maquinário comprado, sem um planejamento técnico e transparente de distribuição das máquinas e equipamentos".

Nota

Em nota enviada à redação, a Codevasf afirmou que projetos e ações realizados pela companhia "servem ao interesse social e são empreendidos com abordagem técnica, independentemente da origem dos recursos orçamentários". "A Companhia provê informações e orientações aos autores de emendas ao Orçamento, com o objetivo de subsidiar decisões de alocação e proporcionar máximo benefício à sociedade. A destinação de bens é precedida de análises de adequação técnica, conformidade legal e conveniência socioeconômica", pontuou.

O órgão, que integra o MDR, afirmou que "os procedimentos licitatórios da Codevasf são realizados, em todas as suas etapas, de acordo com as leis e normas aplicáveis, e proporcionam economia à aquisição de bens destinados a projetos de desenvolvimento regional". "A Companhia incorpora a seus processos as recomendações de órgãos de fiscalização e controle, com vistas ao contínuo aperfeiçoamento de procedimentos", defendeu.

Sobrepreço

Em julho, a CGU publicou um relatório em que mostra que na Bahia a Codevasf ignorou alertas feitos pela controladoria a respeito de sobrepreço de uma licitação de 2020. O documento, do fim do ano passado, detalha dois processos licitatórios repletos de problemas: um deles foi cancelado pela Codevasf após relatório da CGU e no outro o pregão foi mantido, apesar da recomendação de suspensão.

As duas licitações avaliadas pela CGU previam a compra de tubos de PVC. No caso da que foi levada adiante, o valor final para a aquisição foi estimado em R$ 11,3 milhões. De acordo com o relatório, elaborado no fim do ano passado, a companhia foi alertada quanto a algumas fragilidades, entre elas a estimativa de preços, mas decidiu prosseguir com o processo licitatório.

"Apesar de ser tempestivamente alertada quanto às deficiências expostas, a empresa decidiu prosseguir com o certame. Agindo assim, mesmo diante das falhas existentes, a empresa se expôs aos riscos inerentes à compra", afirmou.

Operação da PF

Recentemente, a companhia esteve no centro de uma operação da Polícia Federal (PF) no Maranhão. A ação buscou desarticular uma associação criminosa que promovia fraudes licitatórias, desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro de verbas federais da Codevasf. Na casa de um dos alvos, a polícia apreendeu R$ 1,3 milhão em dinheiro, além de artigos de luxo, como bolsas e relógios.

Confira mais Notícias

Administração

Cachoeiro de Itapemirim

Ferraço tira nova licença do cargo e se ausentará pelos próximos 60 dias

Administração

Marataízes

Prefeito de Marataízes decreta extinção das secretarias de Pesca e de Esportes

Administração

Alfredo Chaves

Prefeitura de Alfredo Chaves inicia reparos e melhorias em Unidades de Saúde

Administração

Cachoeiro de Itapemirim

Ferraço marca cerimônia para posse do novo Secretário de Administração de Cachoeiro

Administração

Anchieta

Anchieta abre Chamamento Público para concessão de quiosque no Centro Cultural

Administração

Anchieta

Central de Veículos da Saúde é criado para otimizar transporte de pacientes em Anchieta

Administração

Marataízes

Dúvidas em processo faz prefeito de Marataízes revogar Pregão Eletrônico do transporte público e escolar

Administração

Cachoeiro de Itapemirim

Diretoria do Estrela agradece Ferraço por decreto que zerou dívidas tributárias com município