Paciente de 49 anos com Covid-19 é removida de helicóptero por uma equipe de emergência em Prainha do Itaituba (PA), no dia 21 de fevereiro de 2021. — Foto: Tarso Sarraf/AFP
O Brasil registrou, em fevereiro, 22.078 mortes pela Covid-19 – maior número mensal desde agosto do ano passado, quando 24 mil mortes foram registradas, apontam dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país (veja gráfico abaixo).
Houve, no mês passado, sete dias em que o país registrou mais de mil mortes. Cinco estados registraram mais de mil óbitos em fevereiro: Bahia (1.237), Ceará (1.060), Minas Gerais (2.331), Paraná (1.060) e São Paulo – que, com 6.578 registros, teve quase 30% das mortes no país.
Para a especialista Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os dados mostram que, apesar da alta nas mortes, vimos em fevereiro os efeitos protetores da vacinação ampla.
"O gráfico vai mostrando pra gente a diferença fundamental entre a gravidade da doença e a proteção das vacinas. Na primeira e na segunda onda nós não tínhamos vacina. E na primeira onda você tinha uma adaptação muito menor do vírus, ele era muito menos transmissível do que na segunda e na terceira. Na terceira as mutações deixaram o vírus muito mais transmissível, mas nós tínhamos muito mais pessoas vacinadas", afirma Ethel.
A especialista lembra que dezembro foi marcado pelo atraso no registros oficiais por causa do apagão no Ministério da Saúde, mas que agora já é possível visualizar os óbitos daquele período anterior ao espalhamento da ômicron. E agora, apesar do período de cerca de uma semana com média móvel na faixa das mil mortes, a onda da ômicron ficou abaixo desse patamar por causa da vacinação.
"Em geral, as pessoas que tiveram casos graves e morreram era não vacinados e pessoas com doses incompletas e também pessoas vacinadas já idosas ou com algumas comorbidades que têm a supressão de imunidade mesmo. A lição que fica é a importância da vacinação e a importância de termos chegado a essa onda com percentual muito grande de pessoas vacinadas", explicou Ethel.
E o que nos espera na sequência?
"Nós vamos começar uma desaceleração agora, a gente precisa ver qual o impacto desse feriado de 'carnaval', muitas pessoas viajaram, tiveram festas, vamos ver como isso vai se refletir. É possível que a nossa descida da curva seja um pouco mais lenta que a subida, talvez um pouco diferente dos outros países que subiu muito rápido e desceram muito rápido", analisa a epidemiologista.