Atire a primeira pedra aquele que nunca pensou em curtir um happy hour com os amigos depois de uma semana cansativa de trabalho. Para os que tomam remédios controlados ou até mesmo em casos eventuais, no entanto, há a preocupação de a ingestão de álcool interferir diretamente nos efeitos dos medicamentos no organismo. Mas, afinal, existe mesmo essa relação?
Segundo a psicóloga e nutricionista Thais Araújo, tudo depende de onde o medicamento é metabolizado. Se for no fígado, a possibilidade de ele não surtir efeito é grande.
— O álcool é metabolizado na enzima hepática, a mesma que metaboliza alguns remédios. Nesses casos, a pessoa tende a sofrer com os efeitos colaterais, porque é como se o fígado ficasse “ocupado” com outra substância, não dando espaço para o medicamento agir — explica a especialista.
Combinar bebidas alcoólicas com antidepressivos e/ou medicamentos tarja preta deve ser rigorosamente evitado. Se o remédio estiver fora dessa seara e for metabolizado em local diferente do fígado, não há problema. Para isso, o indicado é ler a bula e consultar um médico.
— Os antidepressivos misturados às bebidas alcoólicas não vão ter a ação esperada. O álcool é um depressor do sistema nervoso central, então vai piorar o quadro de depressão — avisa Thais.
Para Rafael Cangemi, especialista em medicina de família e comunidade, a discussão sobre o álcool vai além das interferências sobre um medicamento. Deve-se considerar os danos que essa substância pode causar no organismo se ingerida em excesso. Entre eles, comprometimento do fígado, órgão responsável pela produção de bile, substância fundamental para a digestão da gordura e detox do corpo.