Anemia em cães e gatos: entenda a condição e saiba como tratá-la

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Os animais podem ter anemias regenerativas ou arregenerativas, de acordo com a situação de síntese de glóbulos vermelhos - Foto: Unsplash/ Alec Favale/ CreativeCommons

Os animais podem ter anemias regenerativas ou arregenerativas, de acordo com a situação de síntese de glóbulos vermelhos — Foto: Unsplash/ Alec Favale/ CreativeCommons

Cães e gatos também podem ser anêmicos. Porém, enquanto a condição mais conhecido em humanos talvez seja a ferropriva, em consequência da deficiência de ferro no sangue, no universo animal esse não é o tipo mais comum de anemia.

“A anemia é caracterizada pela diminuição das hemácias, células que auxiliam na oxigenação do sangue. Nos cães e gatos, ela é consequência de alguma doença que ocasiona a destruição, perda ou diminuição da produção dessas células”, explica Simone Gonçalves Rodrigues Gomes, médica-veterinária doutora em clínica e coordenadora do curso de pós-graduação de Hematologia Clínica e Hemoterapia em cães e gatos da PAV.

Para os pets, há duas classificações da doença: as anemias regenerativas, em que há produção de reticulócitos (glóbulos vermelhos jovens); e as anemias arregenerativas, quando o corpo não consegue sintetizar os reticulócitos.

“As regenerativas ocorrem principalmente por perda de sangue, quando o animal tem uma lesão em algum órgão ou um sangramento. Um exemplo é a anemia hemolítica, um ataque do próprio sistema imunológico que destrói os glóbulos vermelhos por várias razões. Pacientes com babesiose também podem apresentar anemia regenerativa”, explica Luis Fernando de Moraes, médico-veterinário pós-graduado em nutrição.

Maltês está entre as raças predispostas à anemia hemolítica - Foto: Unsplash/ Treddy Chen/ CreativeCommons

Maltês está entre as raças predispostas à anemia hemolítica — Foto: Unsplash/ Treddy Chen/ CreativeCommons

Já as anemias arregenerativas normalmente têm caráter inflamatório. Ou seja, o bicho apresenta alguma doença que ocasiona uma inflamação que, por sua vez, impede a produção de glóbulos vermelhos.

“Em cães, as doenças que podem provocar essa condição são aquelas transmitidas por carrapatos (erliquiose e babesiose), anemia hemolítica imunomediada, câncer, doenças renais e hepáticas, deficiência de ferro, hemorragia, verminoses e inflamações”, diz Simone.

Já em gatos, a lista é composta por doenças transmitidas por pulgas — como micoplasmose —, virais (leucemia felina, imunodeficiência felina e peritonite infecciosa felina), verminoses, inflamações e doenças renais e hepáticas.

Sintomas de anemia em cães e gatos

Cansaço, fadiga, apatia, falta de apetite e mucosas hipocoradas estão entre os sintomas da condição em pets - Foto: Unsplash/ Kate Stone Matheson/ CreativeCommons

Cansaço, fadiga, apatia, falta de apetite e mucosas hipocoradas estão entre os sintomas da condição em pets — Foto: Unsplash/ Kate Stone Matheson/ CreativeCommons

Os sintomas de anemia em cães e gatos geralmente aparecem quando a condição está avançada e incluem cansaço, fadiga, apatia, perda de apetite e mucosas hipocoradas.

Isso porque os glóbulos vermelhos, afetados pela condição, são os responsáveis pelo transporte de oxigênio. Uma vez oxigenada, a célula consegue produzir energia.

“Com a anemia, haverá uma redução na produção energética. Tudo na casa depende de energia para funcionar: a geladeira, o secador, etc. E, com o corpo, é a mesma coisa. Os órgãos e sistemas são altamente dependentes de energia. Se há queda, vários órgãos e sistemas vão entrar em sofrimento e passar por um quadro de fadiga e de cansaço”, exemplifica Luiz.

Tratamento e cura

“A anemia não é a consequência de uma doença. Então temos que investigar o que está provocando anemia e tratar a sua causa”, explica Simone.

Caso se trate de uma anemia hemolítica, por exemplo, é preciso entrar com imunossupressores para tratar a causa que está levando ao quadro autoimune.

“Com as anemias inflamatórias, é importante afastar o quadro de inflamação e os gatilhos que a envolvem, principalmente de caráter crônico. Por exemplo, em um paciente com doença renal crônica, nos estágios mais avançados, há perda da produção de um hormônio importantíssimo para a produção dos glóbulos vermelhos: a eritropoetina”, diz o médico-veterinário.

Para a anemia por inflamação ou de caráter nutricional, uma dieta balanceada e adequada pode ser inclusa no tratamento - Foto: Unsplash/ Chewy/ CreativeCommons

Para a anemia por inflamação ou de caráter nutricional, uma dieta balanceada e adequada pode ser inclusa no tratamento — Foto: Unsplash/ Chewy/ CreativeCommons

Segundo ele, quando o exame deste paciente acusa uma presença de células vermelhas abaixo de 20%, é preciso incluir a eritropoetina como parte do tratamento.

“Se é uma anemia ferropriva, é preciso suplementar com ferro; se é uma anemia de inflamação, é necessário afastar as causas inflamatórias e tentar tratar a doença base da melhor forma possível. Cada anemia tem o seu tipo de tratamento”, completa Luiz.

Dito isto, há, sim, tratamento e cura para a condição em cães e gatos.

Prevenção

A fim de prevenir a anemia em seu pet, o tutor deve realizar hemogramas anuais desde o primeiro ano de vida para conseguir identificar precocemente a doença causadora da condição.

Apesar de rara, a anemia em decorrência de alimentação desbalanceada existe. Por isso também é fundamental oferecer uma dieta adequada e suficiente para o animal.

“A alimentação é a base de tudo. Para produzir os glóbulos vermelhos, é necessária toda uma matéria-prima que provém de uma dieta adequada. Se ela estiver correta, balanceada e rica em nutrientes, se terá todo o substrato necessário para que o corpo consiga executar essa produção com maior eficácia”, diz Luiz.

O poodle é outra raça predisposta à anemia hemolítica, junto ao cocker spaniel, spitz alemão, lhasa apso e shih-tzu - Foto: Unsplash/ Nick Fewings/ CreativeCommons

O poodle é outra raça predisposta à anemia hemolítica, junto ao cocker spaniel, spitz alemão, lhasa apso e shih-tzu — Foto: Unsplash/ Nick Fewings/ CreativeCommons

A mudança da dieta dependerá da causa da patologia apresentada pelo pet, que pode exigir uma alimentação específica para aquela condição.

“Melhorando determinada doença, há uma redução do processo inflamatório e, se for um quadro de anemia de inflamação ou por carência nutricional, pode haver a melhora do paciente”, explica o médico-veterinário.

Predisposição

Segundo Simone, existem raças de cães predispostas à anemia hemolítica — ou seja, a doença genética na qual o organismo não reconhece as suas hemácias como próprias e as destrói.

Os animais apresentam maior cansaço quando anêmicos porque os glóbulos vermelhos, afetados pela condição, são os responsáveis por oxigenar a célula - Foto: Unsplash/ Samantha Jean/ CreativeCommons

Os animais apresentam maior cansaço quando anêmicos porque os glóbulos vermelhos, afetados pela condição, são os responsáveis por oxigenar a célula — Foto: Unsplash/ Samantha Jean/ CreativeCommons

“As raças predispostas são lhasa apso, shih-tzu, maltês, cocker spaniel, poodle e spitz alemão”, lista.

Diagnóstico

O diagnóstico de anemia em pets é realizado a partir do hemograma, que avalia o número de hemácias, de hemoglobinas e de hematócritos presentes no sangue; e exames complementares para identificar a doença desencadeante.

“Um exame importante é o de reticulócitos, porque permite delinear qual é o tipo de anemia, se ela é regenerativa ou não. Na primeira, há a presença de reticulócitos; já na anemia arregenerativa, não”, explica Luiz.

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